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Funcionários da “Fizz” dizem basta à “violação de direitos laborais”

Dezenas de trabalhadores da Mopani Internacional, empresa responsável pelas marcas Fizz e Aquaplus, paralisaram as actividades na segunda-feira, 17 de Fevereiro, em protesto contra o que alegam ser violação dos seus direitos laborais. A greve, cuja possibilidade vinha a ser discutida desde Junho de 2024, ganhou força devido ao crescente descontentamento entre os funcionários, que acusam a empresa de ignorar as suas reivindicações.

Texto: Milton Zunguze

De acordo com trabalhadores da empresa, que pediram anonimato, as negociações com a direcção arrastam-se desde Junho do ano passado, sem avanços concretos. A resposta da administração tem sido que não há margem para melhorias devido ao processo de expansão da empresa, incluindo a construção de novos armazéns. No entanto, essa justificação tem apenas alimentado a frustração dos funcionários.

Entre as principais reivindicações dos trabalhadores estão o aumento salarial, melhores condições laborais e revisão do regime disciplinar. Segundo os funcionários, qualquer infracção é punida com um corte de 20 dias de salário ou mesmo despedimento. Além disso, acrescentam as fontes, o regulamento interno da empresa não é acessível a todos, sendo conhecido apenas pelos supervisores e pela direcção.

Os trabalhadores denunciam também um clima de perseguição aos membros do sindicato dentro da empresa. “Quem é nomeado representante sindical vê a sua vida transformada num inferno”, relatou um dos funcionários.

Outra queixa grave apontada pelos trabalhadores é a discriminação racial nas promoções. “Para ser supervisor sénior, tens de ser, no mínimo, mulato. Caso contrário, só podes ser supervisor júnior ou auxiliar de supervisor”, afirmou uma fonte.

O descontentamento estende-se também ao tratamento alegadamente dispensado pela chefe do departamento de Recursos Humanos (RH), Carla Harrilal, que, segundo os trabalhadores, têm dificultado o diálogo entre a empresa e o sindicato.

Subsídios insuficientes e cortes no 13.º salário

As condições de trabalho são outro ponto de tensão, nomeadamente a falta de subsídios adequados. Os funcionários consideram que o subsídio funerário é insuficiente, com valores de apenas 1 500 meticais no caso de falecimento de um familiar e 2 500 meticais no caso de falecimento do próprio trabalhador. Além disso, o 13.º salário foi reduzido para apenas 20% do valor total, o que é visto como um sinal de desvalorização da mão-de-obra.

Após uma reunião realizada na segunda-feira, 17 de Fevereiro, que resultou na retoma das actividades, alguns pontos foram analisados pelo patronato, mas as reivindicações não foram totalmente atendidas. Segundo uma fonte, a insatisfação entre os trabalhadores persiste, ao ponto de um dos membros do sindicato quase ter sido agredido pelos próprios colegas ao anunciar os resultados do encontro.

“O clima entre os trabalhadores e o sindicato continua tenso. Muitos queriam manter a greve, mas o sindicato pediu calma”, revelou a fonte. Durante a reunião, a empresa comprometeu-se a alterar a data de pagamento dos salários, que passará do dia 5 para o dia 1 de cada mês. No entanto, a principal preocupação dos trabalhadores mantém-se: o regime de turnos semanais alternados entre manhã, tarde e noite tem aumentado a pressão sobre os funcionários, e qualquer erro pode resultar em cortes salariais severos ou mesmo despedimentos.

“Não há direitos violados na Mopani” – RH

Em resposta às acusações, a chefe do departamento de Recursos Humanos, Carla Harrilal, negou que existam violações de direitos laborais. Em contacto telefónico, confirmou a assinatura de um acordo e garantiu que a fábrica retomou o funcionamento normal.

“Os pontos acordados foram o salário mínimo, a nova data de pagamento dos salários e o bónus de 20%, que substitui o 13.º salário, pois não temos esse benefício na empresa”, afirmou Harrilal.

Sobre as acusações de racismo, Harrilal recusou-se a comentar, alegando que o tema ainda não foi abordado internamente.

Relativamente ao acesso à assistência médica em caso de acidente de trabalho, a responsável garantiu que existe um seguro para os trabalhadores, além de um posto de saúde disponível para o pessoal.

Harrilal classificou ainda a paralisação como uma “greve ilegal”, explicando que a direcção tinha recebido um pré-aviso para uma greve em data diferente.

“A direcção esteve sempre disponível para dialogar e, inclusive, marcou uma reunião para quinta-feira. Os trabalhadores continuam à vontade, não há perseguições”, concluiu.

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