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Moçambique gasta USD 440 milhões em importação de arroz

Moçambique importou em 2024 arroz no valor de 441 milhões de dólares (cerca de 27,8 mil milhões de meticais), um aumento de 38,8% face aos 317,7 milhões de dólares (equivalentes a 20 mil milhões de meticais) registados em 2023. Os dados constam do relatório estatístico anual do Banco de Moçambique (BdM), divulgado recentemente, e apontam para uma dependência crescente do exterior para a cobertura das necessidades alimentares básicas.

Texto: Dossier Económico

O documento assinala que o valor agora alcançado ultrapassa o anterior recorde de 2021, ano em que as importações de arroz somaram 342,3 milhões de dólares (21,6 mil milhões de meticais). O aumento nas importações reflecte não apenas a subida do consumo interno, mas sobretudo a fraca performance da produção agrícola nacional, fortemente afectada por factores climáticos e estruturais.  

Segundo o Banco Central, Moçambique importou mais de 8,2 mil milhões de dólares em bens de consumo em 2024, o montante mais baixo dos últimos três anos, mas ainda assim expressivo no contexto de uma economia vulnerável e fortemente dependente do exterior para a sua segurança alimentar.

A escassez de arroz nacional está directamente ligada à quebra acentuada da produção interna. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023, a produção de arroz caiu 34%, situando-se nas 161,8 mil toneladas, contra as 245,7 mil toneladas registadas em 2022.  

A província da Zambézia liderou a produção de arroz, com 48,5 mil toneladas, seguida da província de Gaza, com 40,9 mil toneladas. Estes números, ainda que representativos, foram insuficientes para satisfazer a procura interna, obrigando o Estado e os operadores privados a reforçar as encomendas internacionais.  

Também a produção de milho registou uma quebra, embora menos acentuada, com uma descida de 11% entre 2022 e 2023. O total nacional passou de 2,43 milhões de toneladas para 2,1 milhões de toneladas. Neste segmento, a província de Tete destacou-se como principal produtora, com 501 mil toneladas, seguida de Manica, com 398,6 mil toneladas.

Especialistas ouvidos pelo BdM associam o declínio da produção agrícola à ocorrência de fenómenos climáticos adversos, como secas e cheias, mas também à falta de investimentos estruturantes em irrigação, sementes melhoradas e assistência técnica aos produtores. 

A situação da produção cerealífera nacional levanta preocupações quanto à sustentabilidade da balança comercial agrícola, ao encarecimento dos produtos de base e à exposição da economia moçambicana às flutuações dos preços internacionais dos alimentos.  

Num País em que grande parte da população depende da agricultura de subsistência, o aumento das importações de arroz, produto básico da dieta alimentar, representa um desafio económico e social considerável, exigindo medidas urgentes para reforçar a produção nacional e reduzir a dependência externa.

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