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Parque de Banhine anuncia investimentos para atrair mais turistas

Para reforçar a diversidade da oferta turística, o Parque Nacional de Banhine, localizado no norte da província de Gaza, pretende concessionar algumas das suas áreas de conservação a investidores interessados na implantação de estâncias turísticas. Paralelamente, o parque acaba de adquirir uma avioneta destinada ao monitoramento permanente dos 7 mil quilómetros quadrados da área de conservação faunística, entre outras medidas voltadas à atracção e dinamização do turismo.

Texto: Maidone Capamba, em Gaza

Segundo o administrador do Parque Nacional de Banhine, nos últimos 10 anos os esforços estiveram concentrados na preservação ambiental, na fiscalização intensiva das áreas de conservação e na formação dos agentes de fiscalização, designados como “militares”, com o objectivo de garantir a integridade ecológica do espaço protegido.

Esse investimento resultou num aumento considerável do efectivo faunístico. “Se olharmos para a nossa área de conservação, não reintroduzimos espécies. No entanto, ao circular por aqui é possível contemplar animais de grande porte como búfalos, elefantes, leões, hienas, leopardos, cudos, palancas e até zebras”, afirmou Abílio Nhabanga, administrador do parque.

Como parte dos esforços de valorização turística, está prevista, nesta primeira fase, a introdução de 200 zebras, girafas, bois-cavalos, o famoso cocone, changos e o reforço das populações de impalas. A chegada destes animais está prevista para o período entre o final de Maio e o início de Junho.

Neste momento, decorre a implantação de uma linha de vedação para garantir a segurança dos novos animais num novo habitat, junto ao santuário de seis hectares. As obras do santuário estão com 20% de execução, tendo sido atrasadas pelas manifestações pós-eleitorais, que condicionaram a circulação de pessoas e bens, além da dependência de materiais importados.

O administrador esclarece que o objectivo não é manter os animais em cativeiro, mas confiná-los temporariamente para se adaptarem ao novo ambiente. Após esse período de transição, será aberta a linha de vedação.

Crime organizado ameaça a conservação

A área de conservação do Parque Nacional de Banhine enfrenta ameaças crescentes do crime organizado. “No passado, havia caça furtiva de subsistência. Hoje, assistimos à caça comercial para troféus”, revelou o administrador.

Os “troféus” referem-se às partes dos animais de maior valor no mercado ilegal — garras, peles, dentes, marfim, entre outros. Segundo a administração, cidadãos nacionais, aliciados por redes estrangeiras, invadem Banhine à procura desses itens, usando armas de alto calibre, como as de 375 e 478 milímetros, fora do alcance da população local.

No ano passado, os fiscais conseguiram conter perdas maiores, registando-se apenas o abate de um elefante. No entanto, em 2023, os caçadores foram mais ousados, abatendo um leão que usava coleira electrónica, elemento fundamental para o rastreio científico.

Exploração florestal ilegal em expansão  

Outro desafio enfrentado é a exploração florestal ilegal, impulsionada pela procura de carvão vegetal, sobretudo o produzido a partir do chanato — uma espécie bastante apreciada cuja maior concentração encontra-se dentro do parque e na sua zona tampão.

Exploradores ilegais, com licenças válidas para outras zonas como Chicualacuala, acabam por invadir Banhine quando os recursos nas áreas autorizadas se esgotam. “É uma rede criminosa extensa e bem estruturada, com logísticos, controladores de fiscais, cozinheiros — cada um com a sua missão”, denuncia Nhabanga.

O mesmo cenário verifica-se com a exploração ilegal de madeira preciosa, que ameaça gravemente o equilíbrio ecológico da reserva.

Em resposta, o parque investiu na aquisição de uma avioneta de cinco milhões de meticais para patrulhamento aéreo diário, no reforço de fiscais e em tecnologia de ponta para o controlo e monitoramento da área de conservação. Foi também criada uma sala de operações estratégicas, cujas actividades permanecem sob sigilo para evitar fugas de informação que beneficiem os criminosos.

A implementação destas medidas permite fiscalização em tempo real e maior capacidade de resposta às incursões ilegais.

Resultados e impacto comunitário

Apesar dos desafios, os resultados começam a surgir. O número de processos criminais caiu significativamente: de 44 em 2023 para apenas quatro até ao presente ano. 20 pessoas foram julgadas e condenadas a penas que variam entre três e 18 meses de prisão.

Outro marco histórico foi o primeiro desembolso comunitário de receitas do parque, com a entrega de 650 mil meticais às comunidades de Chigubo, Mapai e Mabalane, valor correspondente a 20% da receita gerada pela exploração sustentável dos recursos faunísticos.

Segundo o Governo, a guerra civil de 16 anos interrompeu as actividades do parque, inviabilizando a geração de receitas e a canalização regular dos 20% devidos às comunidades. Após o Acordo Geral de Paz de 1992, as actividades foram retomadas lentamente, mas sem comités comunitários constituídos, o que atrasou o repasse dos fundos.

Durante a cerimónia de entrega do cheque, a governadora da província de Gaza, Margarida Mapandzene, apelou para que o processo seja contínuo. “É pouco, mas como se diz, o pouco com Deus é muito. Que façam a diferença nas suas comunidades”, sublinhou.

O administrador Abílio Nhabanga destaca que o impacto é imediato, pois os valores permitem financiar programas de geração de rendimento, como a criação de gado bovino, caprino e aves.

 O parque prevê ainda investimentos de 300 milhões de meticais nos próximos três anos, voltados à criação de pastos saudáveis e geração de rendimentos nas comunidades.

Além disso, foram recentemente investidos 16 milhões de meticais em infra-estruturas residenciais para os gestores seniores do parque, equipadas com sistemas de energia e internet. “Estas casas aumentam a nossa capacidade de acolher visitas. Antes, os gestores ocupavam tendas, o que reduzia a capacidade de hospedagem para os turistas”, explicou Nhabanga.

Actualmente, o parque dispõe de 12 camas para alojamento turístico, mas a intenção é expandir, de modo a acolher o número crescente de interessados em turismo de natureza, especialmente durante épocas festivas como a Páscoa.

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