Por: Xavier Uamba
A Cidade de Maputo, por conta da sua natureza e dimensão e, sobretudo, por aquilo que representa no e para o país, tem — e recai sobre ela — muita responsabilidade. Razão pela qual é, vezes sem conta, alvo de críticas. Um acto normal. Trata-se, decerto, de críticas à altura de uma cidade grande e espelho nacional e internacional, enquanto cidade cosmopolita.
Mas a sina da coisa vai muito para além dos debates monopolizados por alguns órgãos de comunicação. Talvez o problema comece quando nos falta qualidade no debate. Razão pela qual o respeitado sociólogo moçambicano, Professor Elísio Macamo, tem repetido várias vezes que «às vezes o nosso problema não é apenas a qualidade dos nossos governantes. É a qualidade do debate na esfera pública». É que, muitas vezes, procuramos discutir o supérfluo e com emoção. Não cavamos a fundo para trazer à baila a profundidade dos factos. Limitamo-nos, precisamente, ao supérfluo, como se essa fosse a dimensão final e total dos factos.
E foi exactamente nesse espírito — e, entenda-se, à letra da palavra — por conta de algumas “zangas e salamaleques” dos munícipes, nas redes sociais, que, na passada sexta-feira, dia 2 de Maio, tomei a iniciativa de falar telefonicamente com o edil Razaque Manhique. Da conversa, ficaram expressos os seguintes pontos:
- A sua equipa está ciente dos problemas que afligem os munícipes, existe um prognóstico feito e vai intervir para resolver os problemas identificados, paulatinamente;
- Os investimentos que estão a ser feitos em várias infra-estruturas — com destaque para o saneamento e as estradas — visam resolver parte dos problemas;
- Tem acompanhado, através das redes sociais e de outras plataformas, o feedback dos munícipes. Irá sempre comunicar com franqueza com os munícipes e responder às suas preocupações, mas a melhor resposta que pode dar não são meros discursos: são acções concretas tendentes a resolver os problemas que se reconhecem existir. E, neste aspecto, está aberto para trabalhar com todos — até para que as pessoas percebam o que tem sido feito pelo Município para resolver os problemas há muito identificados;
- Reconhece que há muito ainda por fazer, mas é um processo, e todo o munícipe deve comprometer-se com o desenvolvimento da Cidade de Maputo. Isto não retira a obrigação do Município de fazer o seu trabalho. Não. O Município tem as suas responsabilidades. Mas o cidadão tem as suas, de igual forma. «E nós sabemos que temos.» Por isso, uma das soluções para uma possível superação — ou minimização — dos problemas está dentro de cada maputense. Para tal, o Município, como instituição, estará sempre mais próximo do cidadão. A edilidade está aberta para ouvir o cidadão, aceitar que os munícipes apresentem dificuldades. Isto é, todo o munícipe tem possibilidade de se fazer ouvir. A voz do munícipe é importante como método de abordagem dos problemas comuns — e para prováveis soluções. É ouvindo que se encontram, sempre, soluções locais e exequíveis. Cada bairro, zona, quarteirão, deve estar à altura de identificar os problemas em conjunto e encontrar uma solução — ou tentar engendrar uma, ou tantas quantas. E o Município servirá, apenas, como facilitador, através dos meios legais ao seu dispor.
Depois de ouvir o edil da Cidade de Maputo, percebi que é dos edis mais abertos que conheço, e notei-lhe gosto por ouvir opiniões e sugestões. É um presidente lite e que se espera que seja cada vez mais lite — e rápido — na provisão de recursos para a edilidade.
Um outro dado, e não menos importante, é que Manhique revelou ter encontrado aquela instituição “de pernas para o ar”. É que, para além de implementar a sua visão, deve tentar resolver problemas mal resolvidos do passado. É um desafio que só com uma cidade abraçada se pode vencer.
Um eterno obrigado, Presidente Razaque, pela abertura e pela conversa amena que tivemos.