Os transportadores semi-colectivos que operam na rota Mozal-Malhampswene continuam a condicionar a circulação de viaturas, numa acção de protesto contra a actuação da polícia. A situação arrasta-se desde segunda-feira da semana passada, quando irrompeu a primeira manifestação, após uma série de tensões com a polícia municipal e rodoviária. O motivo central mantém-se: os motoristas afirmam estar a ser obrigados a pagar “refrescos” às autoridades para circularem sem a licença exigida para o exercício da actividade.
No troço compreendido entre Malhampswene e a paragem João Mateus, vários grupos de condutores têm-se posicionado no meio da estrada para impedir a passagem de outros colegas.
“Eles sentem a mesma dor que nós. Não podem circular por aqui enquanto somos extorquidos todos os dias”, declarou um cobrador que forçava passageiros com destinos diversos a abandonar o veículo em que seguiam. A mesma atitude era dirigida aos demais chapas que vinham logo atrás, com excepção dos autocarros da Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) e os “chapa 100”, que seguiam rumo à Baixa da Cidade. Estes últimos eram autorizados a prosseguir, sob a justificação de que não integravam a mesma luta.
Sempre que bloqueavam a via, cercando os veículos para forçar a paragem, o cântico era o mesmo entre os diversos grupos observados pela nossa equipa: “Xixa Vhanu” – mande-os descer –, entoavam os manifestantes, batendo nos autocarros até que todos os passageiros descessem.
A mobilização inclui também motoristas anteriormente detidos, bem como outros com cartas de condução apreendidas. Impedidos de trabalhar, estes tentam travar os colegas da mesma rota, exigindo igualdade de condições.
“Estivemos presos até ontem. Eu tenho família, sabe? Eles não avisam, simplesmente começam a perseguir-nos. Estamos legais, mas, para eles, nunca estaremos em conformidade”, disseram dois manifestantes.