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CTT: Obras também estão reféns de turbinas destruídas por ciclone

As obras de construção da Central Térmica de Temane (CTT), no distrito de Inhassoro, província de Inhambane, continuam paralisadas, num cenário em que os já conhecidos impasses contratuais ganharam um novo agravante: a destruição total de duas turbinas essenciais ao funcionamento da infra-estrutura, provocada pelo ciclone Chido.

Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

As turbinas, fabricadas na Alemanha e transportadas por navio até Inhassoro, foram destruídas durante a passagem do ciclone, no ano passado, quando ainda se encontravam a bordo, prontas para serem descarregadas por uma ponte provisória montada no local. Este novo revés técnico significa que, mesmo que os diferendos contratuais fossem ultrapassados, as obras continuariam paradas por falta de equipamento fundamental.

Avaliado em cerca de 650 milhões de dólares norte-americanos e financiado pelo Governo da Noruega, o projecto representa uma das maiores apostas do País em infraestruturas energéticas movidas a gás natural. Prevê-se que a central venha a produzir 450 dos 600 megawatts adicionais de energia que o Governo pretendia incorporar ao sistema eléctrico nacional até 2030, no quadro do programa “Energia para Todos”.

A informação sobre a destruição das turbinas foi revelada pela própria empresa responsável pela obra, através de um comunicado publicado na sua página oficial, no qual se confirma igualmente a suspensão dos trabalhos e a retirada temporária de equipamento e pessoal. A novidade foi depois confirmada pelo Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, durante uma visita de trabalho à província de Inhambane.

“No ano passado, um ciclone atingiu a costa de Inhambane. Em Inhassoro, estavam atracadas duas turbinas que vinham da Alemanha. Foi construída uma ponte provisória para o seu descarregamento, mas o ciclone destruiu por completo ambas as unidades”, revelou o Chefe do Estado.

Daniel Chapo explicou ainda que a produção das turbinas agora inutilizadas levou cerca de dois anos, tendo adiantado que novas unidades já foram encomendadas e estão actualmente em fase de fabrico.

“Mesmo que não existissem entraves contratuais, o projecto não poderia avançar sem as turbinas. O empreiteiro afirma que, se já as tivesse recebido, a obra estaria concluída. Sendo um incidente alheio à sua responsabilidade, é necessário renegociar os prazos do contrato”, declarou o Presidente.

O Presidente acrescentou que o seguro contratual cobriu os danos causados, permitindo o início do processo de substituição do equipamento destruído. No entanto, a necessidade de novos prazos e de entendimento entre a Globeleq — a empresa responsável — e o empreiteiro da obra, mantém o projecto em suspenso.

Enquanto se aguarda pela chegada das novas turbinas, que poderá demorar mais dois anos, a conclusão da Central Térmica de Temane continua sem horizonte definido. Uma obra que deveria beneficiar mais de um milhão e quinhentas mil famílias na província de Inhambane, está agora refém de um conjunto de contrariedades técnicas e burocráticas, que se acumulam e ameaçam comprometer a principal âncora do plano nacional de expansão energética.

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