EnglishPortuguese

EXPO OSAKA – JAPÃO: Desorganização e nhongas travam presença artística moçambicana

A Expo Osaka 2025, inaugurada a 13 de Abril e com término previsto para 13 de Outubro, reúne cerca de 160 países na cidade japonesa de Osaka, sob o lema “Designing Future Society for Our Lives”. No entanto, segundo o artista moçambicano Pedro Mourana, da Matsolo Artes, a presença de Moçambique no evento tem sido marcada por desorganização, falta de transparência e falhas de comunicação. Esta matéria baseia-se numa entrevista exclusiva com Mourana, que relata os obstáculos enfrentados ao tentar garantir representação artística nacional no Japão e explica como essas dificuldades motivaram a criação da Expo Japão In Moz, marcada para 25 de Julho, em Maputo.

Texto: Dossiers & Factos

O artista conta que decidiu participar na Expo Osaka após ter conhecimento da realização do evento internacional. Motivado pelo interesse em levar a arte moçambicana tentou, afirma, durante meses, estabelecer comunicação com o Comissariado Geral de Moçambique (COGEMO), temporariamente responsável pela coordenação e execução das actividades na EXPO OSAKA 2025, até conseguir uma resposta. De lá, foi orientado a procurar a Direcção Provincial da Cultura, situada na Matola, uma vez que, segundo a informação que recebeu, cada província moçambicana seria responsável por registar os artistas locais e coordenar com a empresa COGEMO o envio das obras para o Japão. 

Recebido pela Direcção, Mourana ficou surpreso ao descobrir que aquela instituição ainda não tinha sido oficialmente informada sobre a Expo Osaka, uma situação que, segundo ele, demonstra uma falha na comunicação entre os organismos responsáveis por gerir a participação cultural do País num evento de tamanha magnitude. O director provincial da Cultura e Turismo, empenhado em ajudar, encaminhou Mourana à Direcção Provincial da Indústria e Comércio.  

Da mesma forma, as dificuldades aumentaram ao tentar comunicar-se com a COGEMO. Segundo Mourana, o director da Indústria e Comércio também tentou contacto e só teve sucesso depois de muitas ligações não atendidas.    

“Não via vontade nenhuma deles, só atenderam a situação por causa de muita insistência” declarou, apontando que o clima de desinteresse por parte da empresa era evidente.

Em Junho do ano passado, quando se aproximava o fecho do primeiro contentor com destino à Expo Osaka, Mourana, acompanhado por José Gravata, jurídico e gestor no Ministério do Turismo, decidiu deslocarse pessoalmente às instalações da COGEMO. No decorrer da reunião, as expectativas foram novamente abaladas. Segundo relatos, ficou subentendido que as artes visuais não figuravam as únicas prioridades da delegação moçambicana. Está é uma situação que o artista descreve como frequente, onde o artesanato rouba o lugar da arte em eventos que, deveria ser protagonista. Ainda assim, receberam a orientação de enviar as obras, mas sem que houvesse qualquer registo formal ou documento que garantisse a segurança e reconhecimento do material enviado. Tudo era tratado oralmente, sem credibilidade, relata a fonte. Para Mourana, isso revela um problema estrutural no modo como o País encara o sector artístico. “Se tu queres saber se um País é desenvolvido, não é pelos prédios que têm ou pelos carros que circulam, é pela sensibilidade artística que este País tem”, afirmou, acrescentando que é urgente implementar políticas eficientes de regulação da arte, desde a produção até à exposição.

Expo Japão In Moz: De Moçambique para o Mundo

A Expo Japão In Moz é uma iniciativa da Matsolo Artes que surge como celebração da identidade cultural moçambicana. Concebida por Pedro Mourana, a exposição pretende ser um reflexo autêntico da diversidade artística do País, reunindo expressões tradicionais e contemporâneas num mesmo palco. Segundo o artista, trata-se de uma mostra pensada para apresentar ao público nacional aquilo que, idealmente, seria levado ao palco internacional.

A ideia é recriar, em solo moçambicano, a experiência de uma exposição internacional, com destaque para o talento local e para a riqueza simbólica das diferentes linguagens artísticas. A proposta valoriza o que é feito no País, dando visibilidade a criadores de várias gerações e proveniências. Com escultura, música tradicional, poesia, teatro, gastronomia e, pela primeira vez, um stand exclusivo dedicado a livros de autores moçambicanos, o evento convida à reflexão sobre o papel da cultura na construção da identidade nacional.

O evento será realizado em Maputo, em parceria com o Hotel Polana, a própria edilidade da capital e a ANAT. Está agendado para o dia 24 de Julho, e propõe uma programação rica e variada que inclui escultura, música tradicional, poesia, teatro, gastronomia e, pela primeira vez, um stand exclusivo de livros de autores moçambicanos.

O espaço do Hotel Polana será transformado numa verdadeira galeria viva. “Toda aquela zona do hotel vai se tornar uma obra de arte”, declarou Pedro Mourana. A proposta é activar empresas nacionais e reunir artistas de diversas áreas num só palco. O evento, além de oferecer um panorama da arte nacional, tem como pano de fundo a reflexão sobre as nacionalizações, um tema que, segundo ele, tem sido esquecido.

Gostou? Partihe!

Facebook
Twitter
Linkdin
Pinterest
Search

Sobre nós

O Jornal Dossiers & Factos é um semanário que aborda, com rigor e responsabilidade, temáticas ligadas à Política, Economia, Sociedade, Desporto, Cultura, entre outras. Com 10 anos de existência, Dossiers & Factos conquistou o seu lugar no topo das melhores publicações do país, o que é atestado pela sua crescente legião de leitores.

Notícias Recentes

Edital

Siga-nos

Fale Connosco