A petrolífera francesa TotalEnergies anunciou, a intenção de retomar, “ainda neste Verão”, o desenvolvimento do seu megaprojecto de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado, norte de Moçambique, cuja execução se encontra suspensa desde 2021 na sequência de ataques armados. A informação foi avançada pela agência Reuters.
Texto: Dossier Económico
Segundo aquela agência noticiosa, o anúncio foi feito pelo director executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, durante a sua intervenção na Cimeira de Energia do Japão, que decorre até 20 de Junho, em Tóquio. Convidado a pronunciar-se sobre o calendário de retoma, Pouyanné assegurou que a empresa está preparada para reiniciar as actividades nos próximos meses, reafirmando o compromisso com um investimento avaliado em cerca de 1,28 biliões de meticais (20 mil milhões de dólares).
O projecto, implantado na Área 1 da bacia do Rovuma, contempla o desenvolvimento dos campos Golfinho e Atum, bem como a construção de uma unidade de liquefacção com duas linhas de produção. A capacidade total estimada da infra-estrutura é de 13,12 milhões de toneladas métricas de GNL por ano.
As operações foram suspensas há três anos, após uma série de ataques armados no distrito de Palma, o que levou a TotalEnergies a declarar “força maior” e a proceder à evacuação de todo o pessoal do local.
A estrutura accionista do consórcio responsável pelo projecto é liderada pela TotalEnergies, que detém 26,5% do capital. A japonesa Mitsui & Co possui 20%, enquanto a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), em representação do Estado moçambicano, detém 15%. O restante capital está repartido entre empresas estatais da Índia e a tailandesa PTTEP.
A possível retoma do projecto é encarada como um passo estratégico para a economia nacional, que deposita grandes expectativas nas receitas do gás natural para fomentar o crescimento económico, atrair investimento estrangeiro e reforçar a estabilidade macrofinanceira.
No final de Maio, o director-geral da TotalEnergies em Moçambique, Maxime Rabilloud, promoveu uma videoconferência com cerca de uma centena de representantes de empresas contratadas e subcontratadas pela petrolífera, com o objectivo de partilhar as novas directrizes de segurança no local do projecto, situado na península de Afungi.
Entre os cerca de 120 participantes encontravam-se representantes do consórcio CCS JV — liderado pelas empresas Saipem, McDermott International e Chiyoda —, assim como das empresas subcontratadas WBHO e Gabriel Couto. Durante o encontro, foi revelado que a área do parque de GNL em Afungi passará a ser totalmente inacessível por via terrestre, tanto para a entrega de materiais como para a circulação de pessoal.
Assim, os suprimentos, materiais de construção e trabalhadores deverão chegar ao local exclusivamente por via marítima ou aérea. Para esse efeito, será utilizada a pista de aterragem existente em Afungi, construída pela empresa Gabriel Couto.
A TotalEnergies reafirma, assim, a sua intenção de avançar com o Mozambique LNG, um dos maiores empreendimentos de gás da África Subsaariana, que poderá marcar uma viragem na história económica do País.