A digitalização do meio rural deve ser encarada como uma prioridade estratégica para impulsionar o agronegócio, expandir a inclusão financeira e reduzir perdas associadas ao uso do dinheiro em numerário, defendeu Eugénio Manjate, gestor do M-Pesa para Clientes Corporativos, esta sexta-feira (11 de Julho), em Nampula, durante o segundo e último dia da Conferência Internacional de Nutrição e Agronegócio.
Segundo o orador, mais de 70% da população moçambicana vive no meio rural e mais de 60% da força de trabalho está no sector agrário. “Estes dados justificam, por si sós, o investimento em soluções tecnológicas direccionadas a estas comunidades”, afirmou, destacando o papel da carteira móvel M-pesa como instrumento de transformação. Entre os serviços apresentados constam pagamentos digitais, microcréditos, seguros agrícolas e plataformas de comercialização por via electrónica.
Manjate apontou o combate à circulação do dinheiro em numerário como prioridade, alertando para perdas frequentes por roubo ou má gestão. Defendeu ainda a implementação de sistemas de voucher digital para insumos, pagamentos de colheitas através de M-pesa e recolha automatizada de receitas, como forma de formalizar actividades do sector agrário e gerar dados estatísticos essenciais para políticas públicas e inclusão financeira.
A Vodacom apresentou também experiências em curso com instituições do sector do algodão, onde agricultores já recebem os seus pagamentos de forma digital. Segundo o representante, há um pilar específico da empresa dedicado ao meio rural, com equipas técnicas alocadas, mas o sucesso dependerá da consolidação de parcerias estratégicas com o Governo, parceiros de cooperação e outros actores relevantes.
Eugénio Manjate reiterou a disponibilidade daquela operadora de telefonia móvel para expandir a cobertura de rede em zonas remotas, desde que existam iniciativas práticas que justifiquem o investimento.