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PROVÍNCIA DE MAPUTO: Chapo confrontado com velhos problemas nas comunidades

– Falta de água, vias de acesso, escolas e hospitais dominam as preocupações populares

“Manter a paz, a reconciliação, a unidade nacional, o perdão entre os irmãos moçambicanos e recuperar os valores éticos e morais como base para o desenvolvimento de Moçambique.” Foi com esta mensagem que o Presidente da República, Daniel Chapo, marcou a sua visita de trabalho à província de Maputo, na semana finda, durante a qual percorreu vários distritos e manteve encontros com diversos segmentos da sociedade, incluindo agentes económicos, líderes religiosos, comunitários, funcionários públicos, jovens e representantes dos órgãos locais. Chapo também dirigiu comícios populares, onde ouviu, de viva voz, as dificuldades que travam o desenvolvimento local. A novidade é que…não há novidade – são as mesmas queixas de sempre.

Texto: Milton Zunguze

Ao longo de três dias (quinta, sexta e sábado), o Chefe de Estado escalou os distritos da Matola, Boane, Moamba e Marracuene. Em todos eles apelou à unidade, à paz e à participação activa dos cidadãos como pilares essenciais para o progresso do País. A visita teve início na Matola, onde se reuniu com empresários, líderes religiosos e cidadãos locais, num esforço para promover a estabilidade após o clima de tensão que se seguiu às últimas eleições.

Na principal referência industrial do País, os residentes exigiram a expansão urgente dos sistemas de abastecimento de água potável e de electrificação, sobretudo nos bairros periféricos como Intaka, Malhampswene, Muhalaze, Nkobe e Matola A. A população reclamou também a reabilitação de centros de saúde, melhoria do sistema de transporte público, aumento da iluminação pública, melhores acessos rodoviários e mais escolas secundárias. O mau atendimento no Hospital Provincial da Matola foi outro problema reportado, tendo o Presidente assegurado que o assunto já está a ser analisado.

Moamba clama por estradas, saúde e inclusão

No distrito de Moamba, o comício popular decorreu no posto administrativo de Pessene, horas antes do encontro com líderes comunitários e representantes do Estado. A população reconheceu os esforços do Governo em responder às suas preocupações, sobretudo através do diálogo político nacional inclusivo, mas alertou para os desafios persistentes que continuam a afectar o dia-a-dia.

Entre as reivindicações, destaca-se a asfaltagem da estrada N4–Tenga–Moamba–Michafutene, uma via estratégica que interliga localidades como Vundiça, Moamba–Sabié e Moamba–Magude. Os residentes apontaram o mau estado das vias como factor que compromete gravemente a circulação de pessoas e mercadorias.

Na área da segurança, foi solicitada a construção de esquadras em Pessene e Sabié, bem como de postos policiais para reforçar o patrulhamento comunitário. No sector da saúde, os apelos centraram-se na construção de centros de saúde em Vundiça, Xiboene, Macaene e Malengane.

Outras preocupações incluem a expansão da rede eléctrica e do abastecimento de água, criação de oportunidades de emprego para a juventude e o reforço do pagamento do subsídio social básico para idosos em situação de vulnerabilidade. A população pediu ainda a alocação de transporte público nas rotas Maputo–Tenga–Ressano Garcia–Sabié, para facilitar a mobilidade.

Marracuene: um distrito com potencial, mas com desafios críticos

Em Marracuene, nomeadamente na localidade de Bobole, os residentes receberam a visita presidencial como uma oportunidade para partilhar as suas aspirações e desafios. A população reiterou que o distrito possui potencial significativo nos sectores mineiro, agro-pecuário e turístico, mas que continua limitado por obstáculos estruturais.

Foram solicitadas a clarificação dos limites administrativos entre Marracuene e Manhiça e a expansão da cobertura de água potável nos diversos postos administrativos. No sector da educação, destacou-se a necessidade de construir e equipar salas de aula, incluindo escolas primárias em Manguiguana e Macanza, secundárias em Galundi, Bobole e Mali, e ainda uma universidade pública no distrito.

Na saúde, a população lamentou a insuficiência de equipamentos e pediu a construção de um hospital distrital e novos centros de saúde. Na juventude e no empreendedorismo, apelou-se à criação de incentivos para a agricultura e pesca, bem como ao acesso facilitado a financiamento para projectos juvenis.

Infra-estruturas degradadas também estiveram em destaque. A população exigiu a reabilitação de estradas e pontes, como a via Macaneta–Machubo (29 km) e a estrada Dom Alexandre, considerada um dos principais entraves à circulação. No sector agrícola, alertou-se para os conflitos recorrentes entre o homem e a fauna bravia, que ameaçam a produção local.

Líderes comunitários pedem reconhecimento institucional

Nos encontros com o Presidente, os líderes comunitários reiteraram o seu empenho nos programas de desenvolvimento, mas denunciaram constrangimentos que dificultam o seu desempenho. Entre os problemas, apontaram o atraso no pagamento de subsídios, a carência de fardamento e bandeiras nacionais, e a ausência de um enquadramento legal que assegure assistência social em caso de falecimento.

A falta de meios de transporte para deslocações às comunidades, o estado precário das vias de acesso, a lenta expansão dos serviços de energia e água e a carência de carteiras e salas de aula foram igualmente mencionados, assim como a insegurança nos estabelecimentos escolares devido à falta de guardas.

Juventude e redes sociais: entre desafios e oportunidades

No momento dedicado à juventude, Daniel Chapo chamou a atenção para o uso das redes sociais, afirmando que estas constituem “uma nova revolução” e podem ser utilizadas tanto para fins construtivos como destrutivos. Alertou os jovens para os riscos da manipulação digital e apelou à construção da sua independência económica.

“O sistema educativo actual prepara os jovens para serem empregados e não empreendedores. Temos de começar a ensinar as crianças a produzirem algo desde cedo”, afirmou o Chefe de Estado.

Sobre o Fundo de Desenvolvimento Local (FDL), garantiu que o Governo está a trabalhar em mecanismos para facilitar o acesso, sobretudo para jovens em zonas remotas, através de vias alternativas à electrónica. Anunciou que 60% do fundo será reservado à juventude, em complemento a iniciativas como o Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis, Emprega, Meu Kit e Meu Emprego.

Governo reafirma compromisso com soluções

Perante o conjunto de preocupações apresentadas pela população, Daniel Chapo reconheceu a legitimidade das reivindicações e fez um balanço positivo do desempenho do executivo provincial. Reafirmou o compromisso do seu Governo em buscar soluções para os problemas apresentados, insistindo que o diálogo e a participação cívica são fundamentais para construir um Moçambique melhor para todos.

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