Depois de mais de 20 anos de estagnação, o Governo moçambicano volta a prometer a reabertura da Vidreira de Moçambique, a única unidade fabril do género no País, localizada na cidade da Matola, província de Maputo. A fábrica, que outrora desempenhou um papel crucial na produção de vidro para diversos sectores, incluindo a indústria de bebidas, permanece encerrada, apesar de múltiplas promessas de reabilitação ao longo dos anos.
Texto: Clara Mulima
A Vidreira de Moçambique tornou-se um símbolo das promessas não cumpridas de sucessivos governos. Em 2021, no início do segundo mandato do antigo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, o então Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, anunciou um plano para revitalizar várias indústrias paralisadas, entre elas a vidreira. No entanto, até ao final do mandato, em 2024, a fábrica continuava com as portas encerradas, sem qualquer sinal de reactivação.
Durante este período, a responsabilidade pela reanimação da fábrica foi atribuída à Sonil Moçambique, uma empresa de investidores nacionais. O director da empresa estimou que seriam necessários 15 milhões de dólares norte-americanos para substituir toda a maquinaria obsoleta e relançar a produção. A expectativa era de que a unidade atingisse uma capacidade de produção de até 50 toneladas de vidro por dia, com o objectivo de abastecer não só o mercado nacional, mas também países da região.
Numa visita realizada à fábrica, a 5 de Março, o então governador da província de Maputo, Júlio Parruque, apelidou a Vidreira de Moçambique de “monstro adormecido” e reiterou a promessa de que a unidade voltaria a funcionar, garantindo que o Governo Provincial continuaria a mobilizar investimentos para a sua reabilitação.
Segundo Parruque, o relançamento da vidreira fazia parte do compromisso do Executivo de criar até três milhões de empregos até 2024, e a fábrica desempenharia um papel relevante nesta meta, sobretudo ao oferecer oportunidades para os jovens. Não aconteceu.
Apesar do fracasso em cumprir os prazos inicialmente avançados, as promessas continuam. Recentemente, durante a visita do Presidente da República à província de Maputo, o mesmo Júlio Parruque, que actualmente exerce as funções de presidente do Conselho Municipal da Cidade da Matola, voltou a afirmar que a Vidreira de Moçambique será reactivada depois de mais de duas décadas paralisada, renovando compromissos sobrepostos às promessas já feitas anteriormente.
Assim, a Vidreira de Moçambique permanece como um marco industrial adormecido, cujas promessas de reabilitação persistem ao longo dos anos, sem resultados práticos. A população continua a aguardar pela “ressurreição” da fábrica, enquanto os sucessivos compromissos governamentais falham em se materializar.