A RENAMO em Inhambane convocou a imprensa para repudiar actos de ameaça de encerramento de delegações e sedes distritais, protagonizados por supostos desmobilizados de guerra, garantindo que não cederá a chantagens e apelando à unidade e coesão dos seus membros.
Segundo o delegado político provincial da RENAMO em Inhambane, Carlos Samunsone Maela, estes actos são levados a cabo por um grupo que se intitula “desmobilizado de guerra”, movido por um espírito de ódio e vingança, e que tem vindo a protagonizar actos de desmando.
«Convocámos esta conferência de imprensa para repudiarmos a atitude de alguns colegas que falam em nome dos desmobilizados e pretendem encerrar as sedes», lamentou, acrescentando: «As sedes existem para servir todos os membros; os colegas que assim pensam estão a violar os direitos dos demais. Se falam em nome dos desmobilizados, devem saber que também têm deveres e direitos que são obrigados a cumprir.»
Maela considera incompreensível que, dentro do partido, haja um grupo descontente com agendas obscuras; pelo contrário, defende que os membros devem manter-se unidos e coesos. «Os que não estão satisfeitos nunca foram impedidos de exercer a sua liberdade de abandonar o partido e procurar outras formações políticas; existem mecanismos próprios para a resolução de quaisquer divergências e não o encerramento de sedes.»
Américo José, representante dos desmobilizados de guerra da RENAMO em Inhambane, diz não reconhecer a existência do referido grupo e classifica a sua atitude como extremamente preocupante. «É uma atitude que, para mim, enquanto pai deles, me preocupa bastante. Não podemos comportar-nos como marginais; devemos respeitar a nossa casa e a nossa liderança. Quem é desmobilizado e lutou na guerra dos 16 anos para trazer a democracia não se comporta dessa forma.»
A Liga da Juventude da RENAMO também se demarca do comportamento dos supostos desmobilizados. «Nós, da Liga da Juventude, não alinhamos com a atitude dos desmobilizados; estamos aqui a trabalhar com firmeza.»
O chefe provincial da Mobilização da RENAMO, Camilo Mussagy, condena igualmente as acções do grupo, frisando que o encerramento de delegações não só compromete as actividades do partido como também afasta os seus membros. «Há companheiros que pretendem dirigir-se à delegação e, ao chegarem, encontram-na encerrada; isso desencoraja os membros, numa altura em que nos encontramos numa fase de angariação de mais filiados.»
A RENAMO assegura que não cederá às ameaças e garante que todas as delegações permanecerão abertas, incluindo as duas que se encontram actualmente encerradas, designadamente Massinga e Vilankulo. «Estamos aqui, na delegação política provincial, com dívidas de água porque, aquando da invasão por parte dos nossos colegas, deixaram as torneiras abertas e a água a correr. É necessário dinheiro para resolver esta situação. Temos portas destruídas e precisamos de recursos para as repor; isso não configura uma exigência de direitos — é um acto de vandalismo», lamentou Maela.