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COM OU SEM MEGAPROJECTOS DE GÁS: Governo projecta duplicar PIB nas próximas duas décadas

– ENDE 2025–2044 aposta na diversificação económica e criação de emprego

O Parlamento aprovou, no primeiro semestre deste ano, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) 2025– 2044, documento que traça o rumo de Moçambique para as próximas duas décadas. A meta central é clara: duplicar a taxa de crescimento económico e transformá-la em progresso social inclusivo, reduzindo a dependência de megaprojectos e do sector terciário, hoje dominante.

Texto: Milton Zunguze

Segundo as projecções, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer dos actuais 4,4% para 9,2% ao ano, quando incluídos os megaprojectos de gás. Em termos estruturais, a ENDE propõe um novo equilíbrio entre sectores: o primário deve aumentar o seu peso no PIB de 36,8% para 53,7%; o secundário de 12,4% para 13,7%; e o terciário reduzir de 50,8% para 32,6%.

Cenário com e sem megaprojectos

Com a exploração do gás natural, o crescimento projectado atinge 9,2% até 2044. Já sem considerar esses megaprojectos, a trajectória é igualmente robusta: 5% para 2024– 2028, 8,1% para 2029–2033, 9,2% para 2034–2038 e 10,5% para o último quinquénio.

“O crescimento deve assentar numa economia cada vez menos dependente de sectores extractivos e mais virada para a transformação industrial, agricultura moderna e serviços inovadores”, lê-se no documento. A ambição é duplicar o PIB per capita até 2044, garantindo que o desenvolvimento chegue também às zonas rurais e aos grupos marginalizados.

Emprego e qualificação no centro

A ENDE reconhece que o crescimento registado nas últimas décadas pouco se reflectiu em empregos dignos. A nova estratégia coloca como prioridade a criação de milhões de postos de trabalho formais, sobretudo para a juventude, que representa mais de 60% da população.

Para tal, prevê-se o fortalecimento do ensino técnico-profissional, a promoção da inovação tecnológica e a criação de polos de investigação científica, voltados para áreas como a mecanização agrícola, as energias renováveis e a resiliência climática.

Infra-estruturas e integração regional

Outro pilar da estratégia é o investimento em infra-estruturas modernas — estradas, caminhos-de-ferro, portos, energia e telecomunicações —, consideradas essenciais para atrair investimento e integrar Moçambique nos corredores regionais de desenvolvimento.

Até 2044, o País pretende consolidar-se como uma ponte estratégica no comércio africano, aproveitando a sua posição geográfica e os corredores logísticos que o ligam a seis países vizinhos.

Sustentabilidade e riscos

A ENDE dedica especial atenção às mudanças climáticas, apontando como prioridade a transição energética, com aposta em solar, hídrica e eólica, além de práticas agrícolas sustentáveis. O documento reforça ainda que “o crescimento baseado apenas na exploração de recursos naturais é insustentável”, defendendo que as receitas do gás e do carvão sejam canalizadas para infra-estruturas, capital humano e inovação.

Entre os riscos identificados estão a instabilidade política, a insegurança em Cabo Delgado, a volatilidade dos preços internacionais e a fragilidade institucional do Estado.

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