O político Venâncio Mondlane afirmou, no último fim-desemana, na Beira, que a Aliança Nacional por um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), partido que fundou e agora lidera, nasceu para “acabar com a escravidão e o roubo dos moçambicanos”
Texto: Dossiers & Factos
“Foi meio século de escravidão, meio século de roubo, meio século de castigar o povo. Agora chegou a altura de dizer basta”, declarou Mondlane, perante uma multidão que se concentrou para assistir ao lançamento oficial do movimento político.
Candidato presidencial nas eleições gerais de Outubro de 2024, cujos resultados não reconhece, Mondlane apontou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975, como responsável por “50 anos de pura escravidão, roubo, assassinatos e miséria para um povo que tem os recursos debaixo dos pés”.
Numa intervenção marcada por palavras duras, Mondlane assegurou que o país não pode continuar a ser “a capoeira da sogra de um punhado de 30 pessoas”, prometendo um Moçambique livre e autónomo.
Presos das manifestações devem sair
O líder da Anamola prometeu ainda a libertação dos mais de 5.000 jovens detidos após as manifestações pós-eleitorais de 9 de Outubro, que resultaram em violentos confrontos.
“Roubaram-nos os votos, roubaram-nos as vitórias nas urnas. O povo saiu para a rua e hoje temos milhares de jovens presos por reclamarem o seu direito. Querendo ou não, eles vão sair da cadeia”, afirmou.
As eleições de 2024 deixaram o país mergulhado em agitação social, com protestos convocados por Mondlane em contestação aos resultados que declararam Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, vencedor do escrutínio.
Denúncias de sabotagem
Durante o lançamento da Anamola, Mondlane denunciou alegados cortes de internet e falhas no fornecimento de energia que, segundo disse, visaram sabotar a cerimónia.
“Cortaram a internet e mandaram hackers para invadir a nossa plataforma, mas os nossos jovens foram rápidos a restabelecê-la. Também houve cortes de energia na zona da passagem de nível, mas nada nos travou”, assegurou.
Primeiro Conselho Nacional com apenas um mês de existência
A realizar o primeiro Conselho Nacional na cidade da Beira, Anamola obteve registo oficial junto do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos a 15 de Agosto, após um pedido submetido em Abril de 2025.
O lançamento contou com actividades culturais e um processo de inscrição de novos membros, marcando a estreia pública da nova força política. Segundo organizações não-governamentais que monitoraram o processo eleitoral, cerca de 400 pessoas morreram em confrontos com a polícia durante os protestos pós-eleitorais. Esses episódios de violência só cessaram após dois encontros entre Mondlane e Daniel Chapo, realizados com vista à pacificação do país.