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CASO AS CHANTAGENS JUDICIÁRIAS PREVALEÇAM: Fernandes pode ser plano B do Anamola

Rosário Fernandes, antigo presidente da Autoridade Tributária (AT) e do Instituto Nacional de Estatística (INE), poderá ser o plano “B” do partido Aliança Nacional por um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA) caso Venâncio Mondlane seja legalmente impedido de disputar as eleições presidenciais de 2029. A possibilidade começou a ser avançada depois da leitura, no Conselho Nacional do partido, de uma carta assinada por Fernandes, na qual este elogia o potencial de crescimento da nova força política e sugere caminhos para a sua consolidação.

Texto: Dossiers & Factos

O documento, lido por Shamir Mendes e depois divulgado por Dinis Tivane, porta-voz do ANAMOLA, circula desde a noite de domingo, 21 de Setembro, nas redes sociais, provocando debate e alimentando teorias sobre o futuro da liderança do movimento.

Na mensagem, transmitida em directo na página de Facebook de Venâncio Mondlane, Fernandes descreve o ANAMOLA como um “partido inovador e propulsor de mudanças”, comparando o seu surgimento ao da Frelimo em 1962. Para o ex-dirigente, assim como a Frente de Libertação de Moçambique marcou a luta de independência, também o ANAMOLA pode assinalar uma viragem histórica, desta vez através de “soluções digitais, de elevado potencial comunicativo” e sem recurso à violência.

O antigo presidente da AT e do INE realça ainda que os resultados eleitorais de 2024 foram “históricos e fabulosos”, capazes de “estremecer a Frelimo”, e prevê que o partido possa “dobrar” o número de filiados do partido do “batuque e maçaroca”, com base em estratégias de mobilização digital e adesão de novos militantes.

Para além dos elogios, Fernandes aconselha o ANAMOLA a diferenciar-se pela transparência financeira, assegurando receitas sobretudo através das quotas dos membros e de contribuições voluntárias. Recomenda também parcerias produtivas e a constituição de uma carteira patrimonial sólida como garantia de sustentabilidade.

Provável retaguarda à vista

A leitura desta missiva no primeiro Conselho Nacional do Anamola, que decorre na cidade da Beira, deu origem a interpretações segundo as quais Fernandes poderá ser chamado a assumir a liderança do partido caso Venâncio Mondlane seja afastado da corrida presidencial. Lembre-se que o líder do Anamola, que foi o segundo candidato mais votado em 2024, enfrenta um processo judicial em que é acusado de cinco crimes: apologia pública ao crime, incitamento à desobediência colectiva, instigação pública a um crime, instigação ao terrorismo e incitamento ao terrorismo.

As acusações dizem respeito às manifestações póseleitorais de 2024, conduzidas por Mondlane a partir do exterior. Observadores da arena política nacional admitem que, a depender do desfecho do processo, o dirigente possa vir a ser declarado inelegível, cenário comparável ao de Jair Bolsonaro no Brasil.

O “capim” que quer crescer sozinho

A eventual ascensão de Fernandes encontra respaldo na sua reputação de integridade e no histórico de confrontos com o poder estabelecido. Em 2019, demitiu-se do INE após contestar os números do recenseamento em Gaza, considerados irreais. Antes, em 2014, enquanto liderava a AT, ordenara a devolução à África do Sul de uma viatura de luxo oferecida pela CTA ao então Presidente Armando Guebuza, alegando incumprimento das normas legais e ausência de pagamento de direitos aduaneiros.

Esses episódios projectaram Fernandes como figura que não teme desafiar o “consenso dominante”, reforçando a leitura de que a sua recente carta ao ANAMOLA pode significar mais do que mera reflexão académica.

Outrossim, fazem notar algumas análises, Venâncio Mondlane tem enorme estima por Rosário Fernandes. Prova disso são os elogios que teceu aquando da sua demissão do INE, descrevendo-o como “fonte de inspiração e ícone da probidade pública”. Tal reconhecimento alimenta a possibilidade de que, caso seja necessário, o ANAMOLA o apresente como alternativa credível à corrida pela Presidência da República.

É caso para questionar: se este cenário se confirmar, como se cortará o “capim alto”?

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