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PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO: Lucro da CMH cai em 15 %

A Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH), empresa pública que representa Moçambique no consórcio de exploração de gás natural de Pande e Temane, registou uma queda de cerca de 15% no lucro líquido pelo segundo ano consecutivo. O resultado de 46,7 milhões de dólares em 2024/2025 sucede à redução já registada no exercício anterior e evidencia um padrão de retracção nos lucros da empresa nos últimos dois anos. Este desempenho reflecte desafios persistentes no sector, sendo de destacar as variações na procura e nos preços internacionais do gás natural, que têm tido impacto directo na sua rentabilidade.

Texto: Dossier Económico

O presidente do Conselho de Administração é peremptório ao admitir que o exercício do ano transacto foi “bastante desafiador, visto que as operações de produção foram condicionadas por factores endógenos e exógenos, num ambiente influenciado pela actual conjuntura geopolítica”, com impacto directo na procura e nos preços internacionais do gás natural.

Ainda assim, os resultados estão longe de traduzir apenas um desempenho negativo. O balanço revela um aumento dos activos totais, de 378,8 para 407,2 milhões de dólares, impulsionado pelo crescimento da posição de caixa. A CMH apresentou também receitas de 111,3 milhões de dólares e um EBITDA de 84,4 milhões, sustentando a sua capacidade de gerar caixa e remunerar accionistas, e terminou o período com uma posição de caixa reforçada em 240 milhões de dólares e um património líquido de 278 milhões.

Olhar voltado para o futuro

O relatório indica já os planos da CMH para os próximos anos, com o objectivo de melhorar a produção e reforçar a eficiência operacional. O presidente do Conselho de Administração anunciou que a empresa vai concentrar-se na optimização da produção nos campos de Pande e Temane, através de novos furos adicionais (PEDOP-infill) e da compressão de baixa pressão, no âmbito do Programa de Extensão do Plateau e Optimização de Produção (PEDOP).

Foi igualmente sublinhado que a manutenção da central de processamento e a redução dos custos operacionais constituem metas estratégicas para o próximo exercício. Para concretizar estas prioridades, a CMH prevê investimentos totais de 185 milhões de dólares até 2030, divididos entre 97 milhões em despesas operacionais e 88 milhões em despesas de capital.

Apesar de manter uma estrutura sólida — com capital próprio a mais do que duplicar os passivos —, a CMH decidiu reduzir os dividendos pagos aos accionistas, de 53,6 milhões em 2024 para 32,2 milhões em 2025. A medida dá prioridade à retenção de lucros e ao reforço das reservas, fortalecendo o capital da empresa, que manteve o capital social e reservas inalterados, enquanto os lucros acumulados subiram de 217,3 milhões para 233,4 milhões.

O grande desafio que se avizinha é o declínio acentuado da produção nos campos de Pande e Temane nos próximos anos. Segundo o presidente, “precisamos de ser capazes de responder a esta situação por forma a manter os níveis de desempenho actuais e, ao mesmo tempo, identificar novas oportunidades que agreguem valor ao portfólio”. A estratégia da CMH é, portanto, preparar a empresa financeiramente para sustentar a produção e investir onde for necessário, garantindo que continue a desempenhar um papel-chave no sector energético nacional.

Mesmo com o recuo nos lucros, a gestão reforça que a CMH se mantém financeiramente sólida, com activos totais em crescimento, caixa de 240 milhões de dólares e lucros retidos em aumento. Esta posição robusta permite à empresa manter a produção de gás natural e avançar com investimentos estratégicos, assegurando que Moçambique continue a contar com este recurso como peça-chave da sua transição energética.

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