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Trabalhadores da Beluzi Bananas exigem melhores condições de trabalho

Cerca de 800 trabalhadores da Beluzi Bananas, uma das maiores produtoras de banana do país, localizada em Mafavuca1 no distrito de Namaancha, decidiram paralisar as suas actividades nesta terça-feira (23) de Setembro para exigir aumento salarial e melhores condições de trabalho. O protesto gerou tensão entre os funcionários e a administração da empresa, que se acusam mutuamente sobre a forma como o caso tem sido conduzido.

Texto: Clara Mulima

Cerca de 800 trabalhadores da Beluzi Bananas, uma das maiores produtoras de banana do país, localizada em Mafavuca, distrito da Namaacha, paralisaram as actividades na passada terça-feira (23) de Setembro, exigindo aumento salarial e melhores condições de trabalho. O protesto gerou tensão entre funcionários e administração, que se acusam mutuamente quanto à forma de gestão do caso.

Segundo uma fonte ligada ao sector agrícola da empresa, que falou sob anonimato ao Dossier Económico, a gota de água foi a decisão da Beluzi de suspender, desde o início da paralisação, o transporte habitualmente disponibilizado aos trabalhadores para o trajecto entre as suas casas e o local de trabalho. O benefício, previsto no contrato laboral, foi retirado, e os funcionários interpretaram a medida como pressão. “Sempre tivemos este direito, mas agora, durante a greve, deixaram-nos retidos aqui como castigo. Isto é um atropelo aos nossos direitos”, acusou.

O pedido de reajuste salarial, prosseguiu a fonte, vem sendo apresentado há meses sem resposta concreta. Os funcionários denunciam que a empresa aplicou aumentos apenas aos recém-contratados, excluindo os trabalhadores com mais anos de serviço. “Paralisámos as nossas actividades porque a direcção decidiu beneficiar apenas os novatos. Nós, que aqui trabalhamos há anos, ficamos de fora. Queremos apenas os nossos direitos”, acrescentou.

A insatisfação agravou-se após uma reunião informal com a administração, em que, segundo os trabalhadores, lhes foi sugerido recorrer ao sindicato e posteriormente ao Ministério do Trabalho para formalizar a queixa. “Isto soa a fuga de responsabilidades. Ontem, por volta das 21 horas, comunicámos à direcção que não sairíamos daqui sem uma solução, mas ninguém nos recebeu. Estamos concentrados no local desde terçafeira, e alguns colegas até dormiram aqui, porque não temos transporte para regressar a casa”, relatou a mesma fonte.

No sector agrícola, o reajuste salarial estabelecido é de 350 meticais, mas os trabalhadores acusam a Beluzi Bananas de aplicar o aumento apenas a um grupo restrito. “Quem recebe 9 mil meticais também tem direito a reajuste. Não pedimos nada além do que está definido. Se não houver aumento, não voltamos ao trabalho”, assegurou um dos grevistas.

Os trabalhadores recordam ainda que, em Abril, enfrentaram uma situação semelhante, envolvendo igualmente questões de remuneração e transporte. “Nessa altura, também tivemos de parar para sermos ouvidos. Parece que só conseguimos fazer valer os nossos direitos com greves. Não é justo. Esta empresa atropelanos”, desabafou outro funcionário.

Perante as acusações, a administração da Beluzi Bananas rejeitou a versão dos trabalhadores e negou a existência de greve. O responsável da empresa garantiu tratar-se apenas de uma paragem momentânea para uma reunião geral com os funcionários, que teriam regressado logo de seguida às suas actividades. “Não houve greve. Foi apenas um encontro para esclarecer algumas questões internas. A produção continua normalmente”, afirmou, acrescentando que já foi efectuado um reajuste salarial em Abril, considerando assim ultrapassadas as actuais reivindicações.

Apesar da posição oficial, os trabalhadores insistem que se mantêm firmes e não pretendem retomar as actividades sem uma solução concreta. Uma comissão de funcionários foi designada para dialogar directamente com a administração e aguarda uma resposta formal prometida para a próxima segunda-feira. Até lá, a tensão mantém-se em Namaacha.

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