Com o objectivo de promover a inclusão das micro, pequenas e médias empresas na cadeia de valor da indústria de petróleo e gás, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), através do Programa Linkar, está a apoiar cerca de 50 MPMEs dos distritos de Vilankulo, Inhassoro e Govuro, na província de Inhambane. O apoio centra-se no processo de legalização e na capacitação empresarial.
Texto: Anastácio Chirrute
As empresas beneficiárias recebem formação específica sobre os procedimentos de legalização, bem como um subsídio de 80% dos custos de formalização. Este novo grupo junta-se a 24 empresas previamente legalizadas em Vilankulo, no ano passado, das quais seis já cumprem os requisitos para se candidatarem à certificação ISO 9001, relativa ao Sistema de Gestão da Qualidade.
Na cerimónia de lançamento da segunda fase de capacitação, o secretário permanente de Vilankulo, Gil Inguane, sublinhou que a legalização empresarial não deve ser encarada apenas como exigência burocrática, mas como um passo estratégico para o crescimento sustentável.
“A formalização é o primeiro passo para o crescimento dos vossos negócios. Abre portas para o acesso ao crédito, concursos públicos e parcerias estratégicas”, afirmou Inguane, apelando à responsabilidade dos empresários.
O delegado regional Sul da ENH, Reis Mudavane, destacou, por sua vez, a importância da resiliência empresarial, encorajando os empreendedores a não desistirem perante as dificuldades.
“Todas as empresas começam de baixo. O importante é persistir e manter-se firme”, reforçou.
Parceria com o BAD dá força à iniciativa
Financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e implementado pela ENH, o Programa Linkar integra a estratégia de inclusão das empresas locais nos grandes projectos de gás natural da região.
Segundo o coordenador do programa, Ken McGhee, o apoio vai além da legalização, abrangendo formações técnicas, mentoria, orientação estratégica e apoio institucional, com vista a reforçar a competitividade e a sustentabilidade das empresas.
“A parceria entre a ENH e o BAD é uma demonstração concreta de que acreditamos no potencial das empresas moçambicanas”, afirmou McGhee.
Jovens enfrentam barreiras burocráticas
Durante as formações, vários jovens empreendedores partilharam as dificuldades impostas pela burocracia e pela falta de documentação. António Zibane, da Aissa Service, afirmou que a iniciativa surgiu no momento certo para apoiar a juventude, enquanto Almogibo Faquir Bay, da Ecossez, sublinhou que a ausência de documentos bloqueia oportunidades e impede que muitas ideias avancem. Por sua vez, Gentinha Matsinhe, da Gentinha Service e Confeitaria, destacou que o programa veio desburocratizar e legalizar empresas iniciantes, e Elsa Tivane, da Bazaruto Agency Lda, apelou à continuidade do apoio, de forma a permitir que mais jovens possam beneficiar.
Resultados superam expectativas
O Programa Linkar previa inicialmente apoiar 60 empresas, mas já alcançou 74 MPMEs, o que representa uma taxa de execução superior a 100%.
Este sucesso evidencia o crescente interesse do empresariado local em alinhar-se com as exigências do mercado formal e aproveitar as oportunidades abertas pelos grandes projectos económicos na região.
Através desta iniciativa, a ENH e o BAD estão a criar pontes entre os pequenos negócios locais e a indústria nacional de gás, promovendo um crescimento económico mais inclusivo e sustentável.
A legalização, longe de ser apenas uma obrigação legal, afirma-se como uma verdadeira alavanca de desenvolvimento, sobretudo para jovens empreendedores até aqui excluídos das oportunidades formais.