Com o objectivo de melhorar o sistema de transporte público urbano e reforçar a mobilidade na região metropolitana de Maputo, foi lançado, em Fevereiro de 2023, o Projecto METRAP–Maputo, uma iniciativa conjunta entre o Conselho Municipal da Cidade de Maputo e a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA). De acordo com a representante-adjunta da JICA Moçambique, Sulimara Takahashi, o projecto de três anos — orçado em 395 milhões de ienes (cerca de 165 milhões de meticais ao câmbio de 9 de Outubro de 2025) — está a chegar à sua fase final, com resultados que, segundo os principais intervenientes, poderão transformar o modo como os cidadãos se deslocam na capital moçambicana.
Texto: Milton Zunguze
“O projecto foi implementado em 2023 e tem duração de três anos. Estamos agora na fase final e as acções previstas estão, basicamente, concluídas”, afirmou Sulimara Takahashi, em entrevista exclusiva ao Dossier Económico.
Entre as actividades de maior relevo, Takahashi destacou a revisão do Plano Director de Transportes da Região Metropolitana de Maputo e acções para optimizar a operação dos autocarros geridos pelo município. O METRAP incluiu ainda intervenções físicas, como pequenas obras no terminal do Zimpeto, e formações técnicas, realizadas tanto no Japão como, mais recentemente, em Cape Town, na África do Sul.
“Sete técnicos viajaram para Cape Town, acompanhados pela nossa equipa do projecto, para observar boas práticas de mobilidade urbana. A cooperação técnica é feita de troca de conhecimento e de fortalecimento das capacidades locais”, explicou.
Para Takahashi, o êxito do METRAP– Maputo deve-se à estreita colaboração entre as instituições moçambicanas e a equipa japonesa. “Tivemos um compromisso muito forte por parte do Município de Maputo, mas também dos municípios vizinhos e da Agência Metropolitana de Transportes, vinculada ao Ministério dos Transportes e Comunicações”, afirmou.
A responsável sublinhou que a cooperação técnica japonesa vai além do apoio financeiro, privilegiando o trabalho conjunto e a transferência de conhecimento.
“Não se trata apenas de oferecer recursos. É um trabalho feito lado a lado, com envolvimento activo de todas as partes”, reforçou.
Segundo Takahashi, o projecto deixa igualmente orientações claras sobre os próximos passos. “Estamos a avaliar de que forma a JICA poderá continuar a apoiar o Município e a região metropolitana, para que o transporte público em Moçambique melhore de forma sustentável. Esse é o nosso actual estágio”, adiantou.
A representante da JICA explicou ainda que a concentração dos esforços em Maputo deve-se à rápida expansão urbana e aos graves problemas de mobilidade que afectam milhares de cidadãos diariamente.
“A região metropolitana de Maputo é a que mais cresce no País e também a que enfrenta maiores desafios, desde congestionamentos até acidentes rodoviários. Por isso, entendemos que é aqui que a intervenção é mais urgente. No entanto, estamos abertos a apoiar outros municípios, caso surjam solicitações”, referiu.
Modernização e sustentabilidade como metas
O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Rasaque Manhique, afirmou que o METRAP– Maputo simboliza mais do que um projecto técnico, representando uma visão estratégica de cidade moderna e sustentável.
Reconheceu, contudo, que o grande desafio agora é a implementação efectiva das medidas propostas, para garantir que o conhecimento adquirido se traduza em melhorias reais no transporte, na circulação e na qualidade de vida dos munícipes.
“A cidade de Maputo tem vindo a trilhar, com passos firmes e visão clara, o caminho da modernização e sustentabilidade. Com este projecto, celebramos mais uma etapa importante na construção de uma cidade organizada, orientada e preparada para o futuro”, declarou Manhique.
O edil sublinhou que o METRAP– Maputo permitiu reforçar as capacidades técnicas das equipas municipais e nacionais, que agora dispõem de novas competências para implementar soluções de mobilidade sustentável.
“Durante os últimos três anos, aprendemos, inovámos e partilhámos experiências que consolidam Maputo como uma cidade-laboratório de mobilidade urbana sustentável em Moçambique”, afirmou.
Uma cidade em transformação
O METRAP–Maputo centrou-se na análise dos principais desafios de mobilidade urbana, propondo soluções práticas, realistas e sustentáveis. Para além das intervenções físicas em terminais, o projecto incluiu formações especializadas, actualização do Plano Director de Transportes e melhoria da coordenação entre os municípios da região metropolitana.
A aposta japonesa na formação técnica e na transferência de conhecimento é apontada como uma das principais mais-valias do projecto. “A experiência mostrou que as cidades podem tornar-se mais eficientes quando o conhecimento local é fortalecido. Esse foi o coração do METRAP”, comentou um técnico municipal envolvido no programa.
Com corredores de transporte sobrecarregados, terminais congestionados e um crescimento urbano acelerado, Maputo enfrenta desafios típicos das grandes metrópoles africanas. O METRAP– Maputo, ao introduzir planeamento baseado em dados, boas práticas internacionais e novas metodologias de gestão, surge como uma ferramenta essencial para repensar a mobilidade urbana e preparar a capital moçambicana para o futuro.