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Funcionários do sector marítimo regressam ao Ministério dos Transportes

Na sequência de uma denúncia publicada há duas semanas neste semanário, dando conta de que os funcionários da antiga Marinha Mercante exigiam reintegração no Ministério dos Transportes e Logística (MTL) — ameaçando recorrer a manifestações públicas e alertando para o impacto na segurança marítima nacional —, os Ministérios dos Transportes e Logística e da Agricultura, Ambiente e Pescas decidiram, no passado dia 6 de Outubro, atender à reivindicação da classe. A decisão põe termo a um longo impasse que mantinha estes profissionais sob tutela do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), onde enfrentavam perda de competências e falta de meios para o pagamento de subsídios de serviço marítimo, acumulando uma dívida superior a sete meses.

Texto: Maidone Capamba

Os ministros João Matlombe (Transportes e Logística) e Roberto Albino (Agricultura, Ambiente e Pescas) assinaram despachos conjuntos para a transferência de 33 funcionários do Instituto de Oceanografia de Moçambique (INOM) e 81 do INAMAR para o ITRANSMAR. A informação foi divulgada pelo MTL na sua página oficial do Facebook, depois de o Dossiers & Factos ter solicitado esclarecimentos sobre o alegado conflito de competências entre os dois ministérios, em finais de Setembro.

Segundo o comunicado, os trabalhadores abrangidos são aqueles cujas funções diárias envolvem “fiscalização de travessias, registo e certificação de tripulantes, bem como vistoria de embarcações”. O ministério acrescenta que matérias como hidrografia, cartografia e oceanografia — anteriormente sob o Instituto de Oceanografia de Moçambique — regressam também à alçada do MTL.

“A assinatura destes despachos conjuntos representa a clarificação de matérias que, durante os últimos dez anos, criaram fricções e disputas de competências entre o Instituto Nacional do Mar e o Instituto de Transporte Marítimo”, explicou Isaías Mondlane, Presidente do Conselho de Administração do INAMAR.

Conforme avançou Dossiers & Factos na sua edição de 29 de Setembro de 2025, o conflito de competências entre o MAAP e o MTL gerou uma teia de burocracia que acabou por fragilizar a autoridade marítima do Estado. Companhias de navegação, operadores portuários e pescadores artesanais viam-se obrigados a lidar com múltiplas instituições, muitas vezes com exigências e autorizações sobrepostas.

Esta sobreposição de funções alimentou desorganização e desconfiança no sector, deixando os funcionários divididos entre dois ministérios e sem clareza sobre a autoridade responsável. O resultado foi o atraso prolongado no pagamento de subsídios e o descontentamento generalizado no seio dos trabalhadores. ~

“Era uma situação que criava confusão entre os operadores marítimos, armadores, portos e outros intervenientes desta indústria”, reconheceu Isaías Mondlane, sublinhando que a clarificação da tutela começou a ser resolvida desde Fevereiro último.

Durante meses, a indefinição institucional provocou efeitos devastadores: com a perda de competências que geravam receita, o INAMAR ficou sem meios para pagar os subsídios de serviço marítimo, deixando centenas de famílias sem rendimentos complementares durante mais de sete meses.

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