O Presidente da República, Daniel Chapo, encontra-se em Genebra, na Confederação Suíça, para uma visita de trabalho de quatro dias, a convite da Secretária-Geral da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Andrea Celeste Saulo. A deslocação, que decorreu até está quarta feira (21), coloca Moçambique no centro de um dos mais relevantes debates globais sobre a adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
Texto: Dossiers & Factos
Durante a sua estada, o Chefe de Estado será orador principal no Painel de Alto Nível sobre a “Iniciativa de Aviso Prévio para Todos e o Papel dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais”, agendado para o dia 20 de Outubro. Este fórum, que reúne líderes políticos, cientistas e responsáveis de instituições internacionais, visa acelerar a implementação de sistemas universais de alerta precoce, capazes de salvar vidas e reduzir perdas económicas face ao agravamento dos desastres naturais.
Daniel Chapo deverá apresentar, perante a comunidade internacional, o percurso de Moçambique como um dos países mais expostos aos riscos climáticos do planeta, mas também como exemplo de resiliência. A experiência acumulada na prevenção e resposta a ciclones tropicais, cheias e secas — eventos que afectam ciclicamente o território moçambicano — tem colocado o país na linha da frente das políticas de adaptação em África.
Na sua intervenção, o estadista moçambicano irá destacar os investimentos feitos no reforço do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), instituições que têm desempenhado um papel central na monitorização, previsão e resposta rápida a eventos climáticos extremos. Moçambique, recorde-se, foi o primeiro país africano a aderir plenamente à “Iniciativa de Aviso Prévio para Todos”, lançada pelas Nações Unidas em 2022.
À margem do congresso, Daniel Chapo manterá encontros bilaterais com autoridades suíças e representantes de várias agências multilaterais sediadas em Genebra, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Estes contactos visam reforçar a cooperação internacional nas áreas de segurança alimentar, gestão de recursos hídricos e resposta humanitária.
O Presidente reunirá igualmente com Embaixadores e Representantes Permanentes dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) junto das Nações Unidas, procurando articular posições comuns sobre os desafios ambientais e climáticos que afectam o espaço lusófono. Estão também previstas reuniões com empresários suíços interessados em investir em projectos verdes e de energias renováveis em Moçambique, bem como com a comunidade moçambicana residente naquele país europeu.
Segundo a Presidência da República, esta visita simboliza o compromisso renovado de Moçambique com a diplomacia climática e com a ciência como instrumento de desenvolvimento sustentável. Numa altura em que as alterações climáticas se tornaram uma das maiores ameaças à estabilidade económica e social do continente africano, o envolvimento directo do Chefe de Estado neste fórum internacional é visto como um gesto político de grande significado.
A OMM, fundada em 1950 e integrante do sistema das Nações Unidas, é a principal autoridade científica mundial na área do clima, meteorologia e hidrologia. A presença de Moçambique neste espaço inscreve-se num esforço mais amplo para garantir que os países vulneráveis, especialmente os africanos, sejam ouvidos e apoiados no processo de transição para modelos de desenvolvimento resilientes e ambientalmente sustentáveis.
A intervenção de Daniel Chapo em Genebra deverá, assim, consolidar a imagem de Moçambique como um parceiro credível na agenda climática global — um país que, apesar de sofrer severamente os impactos das intempéries, procura transformar a adversidade em oportunidade, apostando na ciência, na cooperação e na diplomacia ambiental como pilares do seu futuro.
