A Província de Maputo prepara-se para uma nova etapa de desenvolvimento económico e infra-estrutural, impulsionada pela gemelagem com a Província de Jiangxi, na República Popular da China. No âmbito desta parceria, foram assinados dois acordos que abrem caminho à construção de um mercado abastecedor moderno e de uma estrada estruturante que ligará Boane a Xinavane, passando por Moamba, Sábiè e Magude.
A cerimónia de assinatura, testemunhada pelo secretário de Estado da Província de Maputo, Henriques Bongece, pelo governador Manuel Tule e pelo vice-governador de Jiangxi, Chen Junging, simboliza o reforço de uma cooperação estratégica centrada em infra-estruturas, agricultura e indústria.
Segundo o presidente do Conselho de Administração da Alt Invest, Almeida Tomás, empresa encarregue de coordenar a implementação dos projectos, o primeiro acordo define os princípios gerais de cooperação, enquanto o segundo estabelece as bases práticas para a execução das iniciativas conjuntas. “O acordo preconiza a colaboração nas áreas da agricultura, indústria, infra-estruturas e desenvolvimento socioeconómico. Nos próximos três meses, trabalharemos com o Governo da Província de Maputo e com as autoridades centrais para seleccionar os projectos prioritários”, afirmou o gestor.
Entre as iniciativas apresentadas destacam-se a mecanização agrícola, a modernização da produção comercial e a requalificação de infra-estruturas essenciais. Estão igualmente previstas intervenções nos Hospitais da Moamba e do Magude, bem como a reabilitação e apetrechamento técnico do Instituto Agrário e da Escola Secundária da Moamba. Além disso, será criada uma plataforma comercial para dinamizar o fluxo de produtos entre Moçambique e a China, garantindo qualidade e valor acrescentado.
Um dos principais projectos previstos é a construção da estrada Boane–Moamba–Sábiè–Magude, com ramificações para Mutaze e Chókwè, até ao entroncamento da EN1 em Xinavane. Trata-se de uma via estruturante que facilitará o escoamento da produção agrícola e industrial, ligando os principais polos produtivos à rede nacional de transportes.
Integrado neste plano está o Maputo Agri-Parks, um ambicioso programa agrícola que prevê a instalação de 200 mil hectares de regadio e reservatórios de água, permitindo uma produção anual estimada em seis milhões de toneladas de produtos agrícolas diversos.
Outro componente-chave é o Mercado Abastecedor de Maputo, uma infra-estrutura multifuncional de 50 hectares que servirá como entreposto logístico e comercial, agilizando o abastecimento entre produtores, distribuidores e consumidores, tanto a nível local como internacional.
O investimento total estimado para estas três infra-estruturas — estrada, Agri-Parks e mercado abastecedor — ascende a 397,5 milhões de dólares, acrescidos de 200 milhões de dólares destinados à mecanização agrícola e aquisição de equipamentos.
De acordo com Almeida Tomás, o modelo de financiamento é inovador e não implicará endividamento público. “Os projectos são detidos por uma empresa privada na qual a Província de Maputo e o Fundo Nacional das Estradas terão participação. O retorno do investimento será assegurado pela produção agro-industrial e pela rentabilidade dos empreendimentos. Este financiamento não é do Governo da China para o Governo de Moçambique, é da China para empresas privadas envolvidas na implementação deste projecto.”, explicou.
Os trabalhos preparatórios arrancam em Novembro de 2025, com a conclusão do estudo preliminar prevista para Janeiro de 2026. Seguir-se-á o estudo de viabilidade entre Fevereiro e Março, e o fecho financeiro deverá ocorrer entre Junho e Agosto do mesmo ano. Se o cronograma for cumprido, as obras iniciar-se-ão no segundo semestre de 2026.
O governador Manuel Tule sublinhou que esta cooperação “marca o início de uma nova abordagem no desenvolvimento integrado da Província de Maputo”, destacando que o plano contribuirá para o aumento da produção e produtividade, a criação de empregos — sobretudo para jovens — e a melhoria da comercialização agrícola.
O Projecto Maputo Agri-Parks pretende aliar tecnologia, inovação e formação técnica à exploração sustentável dos recursos agrícolas e hídricos da província, reduzindo perdas pós-colheita e fortalecendo as cadeias de valor. Já o Mercado Abastecedor de Maputo será um ponto nevrálgico para o comércio, com armazéns, unidades de processamento, centros de refrigeração e espaços de venda, “capaz de resolver o crónico problema de comercialização agrícola que afecta os produtores locais”, destacou Tule.
A nova estrada Boane–Moamba–Magude–Xinavane é vista como peça-chave na estratégia de integração territorial e mobilidade económica da província, aliviando o tráfego na EN1 e garantindo maior eficiência logística e segurança rodoviária.
O Governo da Província de Jiangxi manifestou o seu compromisso em reforçar a parceria com Moçambique. A empresa CJIC (China Jiangxi International Economic and Technical Cooperation) parceira técnica do consórcio, traz mais de 15 anos de experiência no país, com destaque para projectos como a reabilitação da Barragem de Corumana e a Estrada Intaka–Circular–Boquisso.
Esta cooperação, que combina investimento privado, inovação técnica e parceria institucional, poderá redefinir o mapa económico e agrícola da Província de Maputo, tornando-a num dos principais eixos de desenvolvimento do sul de Moçambique.




