A bancada do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), a segunda maior força na Assembleia da República, classificou o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane como “incendiário e agitador”, numa altura em que os moçambicanos buscam a paz eterna no Diálogo Nacional Inclusivo.
Texto: Maximiano da Luz
Sebastião Mussanhane, chefe da bancada parlamentar do PODEMOS, discursando na quarta-feira durante a cerimónia de abertura da II Sessão Ordinária da X Legislatura, comparou o líder da oposição, Albino Forquilha, com Venâncio Mondlane, afirmando que o posicionamento de Forquilha “representa um dos raros gestos de maturidade política e ética que a democracia moçambicana carece”.
“Num tempo em que muitos preferem a retórica incendiária e o confronto cego, ele escolhe a via mais difícil, a via do diálogo, da responsabilidade e da preservação da vida”, declarou Mussanhane.
Durante o período de submissão das candidaturas presidenciais no Conselho Constitucional, Venâncio Mondlane havia sido apadrinhado pelo PODEMOS. Nas eleições de 9 de Outubro de 2024, o partido conquistou o segundo lugar, atrás da Frelimo, obtendo 43 assentos na Assembleia da República, em grande parte devido ao esforço e carisma de Mondlane.
Contudo, o chefe da bancada do PODEMOS afirmou que Venâncio Mondlane é um “político populista e agitador”, característica que o distingue de Forquilha. “Forquilha compreende que liderar não é apenas falar para multidões, mas proteger o sentido humano das causas que movem essas multidões. Ao recusar a violência e ao defender o respeito pelas regras, ele coloca a vida acima da vingança e o voto acima da força. É um posicionamento que distingue o político do populista, o estadista do agitador”, sustentou.
Segundo o deputado, “assumir culpa com responsabilidade é um acto de coragem. É reconhecer que todo líder verdadeiro deve estar disposto a responder pelos efeitos das suas decisões mesmo quando essas decisões se inspiram em princípios de justiça e legitimidade”.
O posicionamento de Forquilha é, de acordo com Mussanhane, simbólico e tem convidado os moçambicanos a “reencontrar a razão no meio da emoção, a unidade no meio do conflito e a esperança no meio da descrença”. ~
“O PODEMOS entende que o diálogo não é um gesto de fraqueza mas sim uma demonstração de maturidade política, de responsabilidade patriótica e de compromisso com o bem comum”, concluiu Mussanhane.
Renamo critica importação de produtos agrícolas
A Bancada da Renamo na Assembleia da República criticou o Governo por continuar a importar cereais e hortícolas, num país com abundante terra arável e mão de obra disponível, particularmente juvenil.
Jerónimo Malagueta, chefe da bancada da Renamo, afirmou que a importação de produtos como couve, tomate, batata, cebola, alho, amendoim, frutas e trigo consome divisas substanciais ao país.
“Isto tudo acontece por incapacidade deste Governo, não obstante Moçambique possuir bastante terra arável, fértil e água em abundância em rios, lagos e nascentes”, declarou Malagueta, acrescentando que o Diálogo Nacional Inclusivo deve resultar em reformas do Estado para acabar com estes desmandos.
A bancada parlamentar da Renamo defende que a inclusão não deve ser apenas política, mas também económica e social. “Neste momento, em Moçambique, até para ser director de uma escola primária recôndita é necessário que se seja membro do partido no poder. Essa via significa passaporte para cometer crimes, corrupção e todo tipo de males à sociedade com impunidade, o que inviabiliza todo o desenvolvimento”, denunciou.
MDM exige revisão da legislação do Banco de Moçambique
Fernando Bismarque, chefe da Bancada do MDM, apelou vigorosamente aos parlamentares para reverem a legislação que rege o funcionamento do Banco de Moçambique, de modo a permitir a sua fiscalização pela Assembleia da República.
Bismarque mostrou-se inconformado com a possibilidade de o Parlamento continuar a assistir ao funcionamento irregular do Banco de Moçambique e de outras instituições. “É de enorme gravidade que o Banco de Moçambique evoque uma lei infraconstitucional, neste caso a sua lei orgânica, para contornar a fiscalização naquelas áreas não cobertas pelo sigilo bancário”, afirmou.
De acordo com o líder parlamentar do MDM, o Banco de Moçambique realiza operações de natureza comercial, cobra juros avultados e é guardião dos dinheiros públicos, pelo que deve estar sujeito a auditorias do Tribunal Administrativo.




