Num País que cultiva algodão de alta qualidade mas veste-se com roupa importada, a primeira edição do Mozambique Fashion Forum arrancou esta segunda-feira com uma meta clara: reter o valor da principal fibra têxtil nacional. O momento decisivo foi a assinatura de um memorando de entendimento entre o Instituto do Algodão e Oleaginosas de Moçambique (IAOM) e a Mozambique Fashion Week (MFW), uma parceria inédita que pretende costurar a lacuna histórica entre a produção agrícola e a indústria criativa.
A urgência do acordo foi sublinhada com um dado revelador partilhado pelo director-geral do IAOM, Edson Herculano dos Anjos de Almeida: “Mais de 95% da nossa fibra de algodão é exportada como matéria-prima bruta. Compramos de volta o produto acabado. Este memorando é um compromisso para mudar essa narrativa”, afirmou perante uma plateia que reuniu estilistas, agricultores, políticos e diplomatas no Centro Cultural Moçambique-China.
O pacto estabelece uma plataforma de trabalho conjunto para fomentar a transformação local da fibra nacional e o desenvolvimento de uma cadeia de valor integrada, desde o campo até à passarela. A iniciativa posiciona-se como uma resposta directa ao paradoxo moçambicano: ser um produtor de algodão com uma indústria da moda ainda dependente de tecidos importados.




