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NA MATOLA RIO: População de Djuba “B” denuncia agravamento das inundações

Moradores do bairro Djuba “B”, na zona limítrofe entre Jonasse e Djuba, denunciam uma situação considerada “insustentável e alarmante”, com águas das chuvas a invadirem residências, destruírem vias de acesso e colocarem em risco a vida de dezenas de famílias. A inquietação surgiu após a inauguração de duas pontes construídas no âmbito de uma parceria entre o município da Matola-Rio e a empresa Mozal, cuja falta de valas de drenagem estaria a desviar o fluxo das águas directamente para as casas.

Texto: Dossiers & Factos

A chegada das primeiras chuvas da época revelou um cenário de verdadeiro colapso no bairro. Bastam precipitações mínimas para que ruas fiquem submersas, residências sejam tomadas pela água e famílias vejam a sua rotina completamente interrompida. Muitas crianças estão a faltar à escola, pois a travessia torna-se impossível sem o auxílio de adultos que, por sua vez, são obrigados a faltar ao trabalho. “Os nossos filhos não têm como ir à escola. Somos obrigados a faltar no serviço para ajudar as crianças a atravessar”, relata um morador.

A água permaneceu vários dias em certas zonas, criando lama, focos de doenças, mau cheiro e um ambiente considerado “inviável para viver”. Há quem denuncie perdas materiais significativas, desde plantas destruídas até animais domésticos mortos devido à água estagnada. “Estamos a apodrecer os pés”, queixa-se uma residente, que afirma já viver em permanente estado de alerta.

Entre as causas do agravamento das cheias, os moradores apontam a bacia de retenção existente na zona, que consideram “totalmente saturada” e sem manutenção há vários anos. Segundo os residentes, a estrutura deixou de cumprir a sua função e a água, em vez de ser desviada, retorna para o interior do bairro. A isto soma-se a presença de um mangal nunca limpo, que bloqueia o escoamento natural das águas. “A bacia já está cheia. Desde que fizeram aquilo ali, nunca mais fizeram nada”, lamenta um morador.

As críticas estendem-se também à construção das novas pontes, recentemente inauguradas. Embora reconheçam a utilidade das infra-estruturas, os habitantes defendem que as obra deveriam ter sido acompanhadas por um sistema de drenagem adequado. “A ponte veio, foi bem-vinda, mas tinham que ligar com a vala. Não basta fazer a ponte e deixar a água espalhar de qualquer maneira”, afirmou Samuel, um dos afectados.

A frustração cresce à medida que recordam promessas que, segundo afirmam, nunca saíram do papel. Moradores relatam que o presidente do município teria garantido durante a campanha eleitoral que as famílias seriam realocadas devido ao risco de inundações. Um ano e nove meses depois, não houve qualquer avanço nesse sentido. “Disseram para não mexermos em nada porque iam tirar-nos daqui. Até hoje nunca apareceram”, lamenta uma moradora.

Muitos residentes recordam ainda que, há anos, o bairro não registava inundações desta magnitude. A zona, descrevem, era de areal sólido, onde até se praticava horticultura. Para a população, não restam dúvidas de que o problema foi provocado pelas intervenções recentes que alteraram profundamente o curso natural das águas. O temor agora é pelo que ainda está por vir.

Os apelos repetem-se: construção urgente de valas, limpeza do mangal, desassoreamento da bacia de retenção e intervenção imediata das autoridades. “Estamos a pedir grande socorro. A situação está péssima. Nós não dormimos”, reforçam.

Vereador nega inundações e recua após ser confrontado

Contactado pelo Dossiers & Factos, o vereador das Obras e Infra-estruturas afirmou inicialmente que “não existia nenhuma situação de inundação”, assegurando que tinha visitado a zona recentemente e não detectara qualquer anomalia. Contudo, ao ser confrontado com a existência de imagens que desmentiam a sua versão, recuou e disse que precisava de consultar o seu superior hierárquico. Comprometeu-se a retornar o contacto após receber orientações, o que, até ao fecho desta peça, nunca aconteceu.

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