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DEVIDO AS MANIFESTAÇÕES: 13 Empresas permanecem encerradas em Inhambane

As manifestações, algumas das quais com episódios de violência, que eclodiram em várias regiões do País em protesto contra os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro do ano passado, aliadas ao elevado custo de vida, tiveram um forte impacto negativo sobre o sector do comércio na província de Inhambane. Pelo menos 13 empresas, sobretudo dos ramos do comércio, hotelaria e turismo, continuam com as portas encerradas. Como consequência, centenas de trabalhadores ficaram sem emprego.

Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

A informação foi tornada pública esta semana por Marcelo Caetano, secretário provincial da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) em Inhambane, durante o lançamento da Semana do Trabalhador, cujo pico teve lugar esta quinta-feira, 1 de Maio. Segundo explicou, os sectores mais afectados foram precisamente o comércio e o turismo, que registaram maiores perdas durante o período de instabilidade.  

“Temos um total de 13 empresas que permanecem encerradas temporariamente, a maioria delas pertencente aos sectores de comércio, hotelaria e turismo, que foram directamente atingidas pelo impacto negativo das manifestações”, afirmou Caetano.

O dirigente sindical acrescentou que há casos de trabalhadores despedidos sem qualquer indemnização, acrescentando que a OTM está a dialogar com os empregadores no sentido de reabrirem os negócios e readmitirem os funcionários dispensados. “É urgente evitar que esses jovens caiam no vício das drogas, na criminalidade ou na prostituição, por estarem em casa sem ocupação”, alertou.

Herculano Pacule, de 41 anos, residente no distrito de Vilankulo, é um dos rostos da crise. Casado e pai de seis filhos, trabalhava como agente de limpeza numa unidade turística local. Desde que perdeu o emprego, há cinco meses, enfrenta sérias dificuldades para sustentar a família.

“Não tem sido fácil. Fomos despedidos porque o patrão disse que não conseguia pagar salários. Além disso, houve escassez de turistas por causa das manifestações, muitas das quais violentas. Estou há meses em casa à espera de ser chamado. Tenho seis filhos para alimentar, às vezes, dormimos sem comer. A minha esposa discute comigo por não conseguir ajudar com as despesas da casa. Sinto-me impotente”, desabafa Pacule.

Outro testemunho é de Nércia Guambe, de 26 anos, residente no distrito de Homoíne. A mulher trabalhava numa loja de produtos alimentares que foi assaltada e vandalizada durante as manifestações, em Janeiro deste ano.

“Desde aquele dia, a loja nunca mais abriu. Não sabemos se vai reabrir. Estamos preocupados, porque o desemprego dura há muito. Viver de biscates é difícil, pois o pouco que se ganha não cobre as despesas da casa”, lamenta.

Recorde-se que as manifestações póseleitorais, marcadas, em muitos casos, por violência, deixaram um rasto de destruição em estabelecimentos comerciais, infraestruturas, públicas e privadas, além de causarem centenas de mortos, feridos e detenções por todo o país, mas com maior incidência nas grandes cidades.

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