Uma semana depois da ocupação da sede nacional da Renamo por ex-guerrilheiros que exigem a sua demissão, e da polémica intervenção da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), o presidente da Renamo, Ossufo Momade, rompeu o silêncio e voltou aos holofotes, numa rara aparição pública marcada pela defesa do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) e pelo distanciamento face às responsabilidades do Estado no pagamento das pensões aos desmobilizados.
Falando esta quarta-feira à imprensa, Momade procurou reposicionar-se perante os episódios que abalaram o partido, recordando que o DDR já estava em curso aquando da sua investidura e que respeitou integralmente as orientações herdadas do falecido líder Afonso Dhlakama. “Não mudámos a equipa nomeada pelo saudoso Presidente Afonso Dhlakama para aquele processo, nem alterámos uma única vírgula do que tinha sido acordado”, afirmou.
A sua declaração surge num momento de tensão interna, após a ocupação da sede nacional da Renamo por antigos guerrilheiros descontentes, que exigem a sua saída da liderança e reclamam promessas não cumpridas no âmbito do DDR. A repressão violenta da UIR contra os ex-combatentes gerou forte condenação dentro do partido, sobretudo por parte da Liga da Juventude da Renamo, liderada por Ivan Mazanga, que apelou à reconvocação do Conselho Nacional.
O líder da “Perdiz” lamentou o impacto negativo que os recentes episódios têm tido na imagem da Renamo, admitindo que o partido tem sido notícia “pelos piores motivos” e que tal situação compromete o seu legado histórico enquanto força decisiva na transformação política do País desde 1977. “Os últimos acontecimentos representam uma afronta aos princípios elementares da democracia da Renamo”, declarou Momade, acrescentando que espera que a Conferência Nacional permita uma reflexão profunda e a definição de medidas que devolvam ao partido o seu papel de referência nacional