O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defende que a guerra na Ucrânia deve terminar “agora”. Numa mensagem dirigida ao mundo, o português pede à comunidade internacional “que fale uma só voz e apoie o nosso apelo à paz”.
O chefe das Nações Unidas descreve a invasão russa como um “pesadelo real” para o povo ucraniano, mas alerta para o facto de haver vítimas fora do palco do conflito.
“Para lá das fronteiras da Ucrânia, muito longe dos holofotes dos media, a guerra lançou um ataque silencioso ao mundo em desenvolvimento. Esta crise poderá arrastar até 1,7 mil milhões de pessoas – mais de um quinto da humanidade – para a pobreza, para a miséria e para a fome, a uma escala nunca vista em décadas”.
Em causa, argumenta o secretário-geral, está o facto de os dois beligerantes – Ucrânia e Rússia – fornecerem 30% de trigo e cevada ao mundo, assim como um quinto do milho e mais da metade do óleo de girassol de todo o mundo.
“Em conjunto, a sua produção de cereais alimenta as pessoas mais pobres e vulneráveis, fornecendo mais de um terço do trigo importado por 45 países africanos e menos desenvolvidos. Ao mesmo tempo, a Rússia é o maior exportador mundial de gás natural e o segundo maior exportador de petróleo do mundo”, acrescenta António Guterres, que diz ser um “dever moral” apoiar as vítimas da guerra.