O Centro de Integridade Pública (CIP) acusa o Governo de privilegiar somente dois distritos dos seis que fazem parte do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado. Os distritos privilegiados, de acordo com a organização, são Palma e Mocímboa da Praia.
São dois dos mais assolados pelos ataques terroristas, mas, segundo o CIP, a primazia que lhes é da revela que o Governo tem maior preocupação em criar estabilidade e condições de retorno à vida normal nos distritos abrangidos pelos projectos de exploração de gás, deixando para segundo plano os restantes distritos que igualmente foram severamente afectados pelos ataques, que são Nangade, Muidumbe, Macomia e Quissanga.
“A implementação do PRCD revela-se orientada para responder à demanda da Total, mas somente em dois distritos, Palma e Mocímboa da Praia. O Governo está a priorizar a recuperação de infraestruturas destruídas pelos ataques dos insurgentes nestes dois distritos e a forçar os funcionários públicos a retornar à vila de Mocímboa da Praia para o restabelecimento dos serviços públicos”, diz o relatório do CIP.
De acordo com o CIP, no distrito de Palma, os serviços públicos já estão restabelecidos, sendo o único em que o administrador já retornou às funções após o ataque à respectiva vila-sede, mas nos outros distritos, como a Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia e Quissanga, os administradores ainda não retornaram.
No seu relatório, a que Dossiers & Factos teve acesso, o CIP alerta para o falhanço da estratégia do Gooverno. “A estratégia do Governo de proteger os projectos de gás e deixar as áreas circunvizinhas à mercê dos ataques não trouxe os resultados desejados. As unidades especiais criadas para proteger os projectos de gás foram capazes de evitar que o projecto de exploração e liquefacção de gás fosse atacado mas não evitaram a paralisação do projecto de gás”.