A Direcção Provincial de Educação de Cabo Delgado não ficou indiferente à circulação de um vídeo que demonstra, uma vez mais, o quão o sector da Educação está em maus lençóis. Nele vê-se uma cidadã que se presume seja professora naquele ponto do País, concretamente no distrito de Chiúre, em sérias dificuldades para ler uma mensagem alusiva ao dia 25 de Setembro, consagrado às Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Em resposta, o director provincial do pelouro, Ivaldo Quincardate, enviou um ofício ao Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) de Chiúre, solicitando cópias do dossier do concurso de ingresso e de substituição de docentes admitidos entre 2022 e 2023.
No ofício datado de 27 de Setembro, Quincardate determina que, até ao dia 03 de Outubro, quer ter em sua mesa os seguintes documentos: proposta de abertura de concurso devidamente homologada; lista de composição dos membros de júri devidamente homologada; lista definitiva dos candidatos apurados devidamente homologada; e certificados de habilitações literárias de todos os candidatos admitidos.
Na prática, a Direcção Provincial de Educação em Cabo Delgado quer saber como é que uma cidadã com paupérrimas habilidades de leitura conseguiu ser aprovada para exercer a nobre profissão de docente e nomeada para o cargo de directora pedagógica, segundo avançam fontes locais.
Entretanto, este episódio deve levar a uma reflexão mais abrangente que questione a qualidade de formação nos Institutos de Formação de Professores e instituições afins, bem como a adopção do modelo “passagem automática”, que literalmente dá primazia à estatística, ignorando as competências.
Uma vez mais, fica evidente que a Educação em Moçambique está literalmente na lama, até porque este escândalo vem juntar-se a tantos outros cometidos ao mais alto nível, como é o caso dos incompreensíveis erros nos manuais escolares do ensino primário.
