O partido Nova Democracia, um dos mais novos na política moçambicana, alega que venceu as eleições autárquicas em Gurué, província da Zambézia, acusando os órgãos eleitorais e o partido no poder de tirar-lhe o “pão da boca”. O presidente do partido, Salomão Muchanga, promete tudo fazer para garantir a reposição da verdade eleitoral
Texto: Dossiers & Factos
O ambiente político em Moçambique está demasiado tenso, na sequência da proclamação dos resultados eleitorais referentes às VI Eleições Autárquicas da história. Praticamente todos os partidos da oposição contestam os números apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), incluindo o partido Nova Democracia, que acredita ter triunfado em Gurué.
Em contacto com Dossiers & Factos, o presidente do partido, Salomão Muchanga, afirmou categoricamente que a ND venceu, mas viu sua vitória ser roubada pelo partido no poder e pelos órgãos eleitorais.
Muchanga afirma que a contagem de votos naquela autarquia dava clara vantagem ao seu partido, cenário que alegadamente mudou a partir das 22 horas da noite eleitoral, quando os números começaram a ser maquilhados.
Nesse sentido, Muchanga promete lutar ao nível das instituições de justiça pela reposição do que diz ser a verdade eleitoral, ou seja, a vitória da sua ND. “A história de dizerem que temos 16 mandatos é falsa. Na verdade a ND venceu as eleições em Gurué”, defende o líder partidário.
Resultado extraordinário
Com ou sem fraude, o facto é que o resultado alcançado pela ND em Gurué é histórico, de tão positivo. É, de resto,o único município onde aquela formação política conquistou assentos, embora se queixe de roubos noutras autarquias, incluindo na cidade de Maputo.
Para tal, terá pesado também o esforço pessoal do próprio Muchanga Muchanga, que liderou três marchas naquele ponto do País durante a campanha eleitoral.
Para o presidente, Gurué tornou-se o epicentro da revolução em Moçambique. “A partir daqui (Gurué) iremos inspirar a mudança para o País inteiro”, afirmou, antes de criticar o bispo Dom Carlos Matsinhe por, supostamente, ter sido conivente com a fraude eleitoral.
“Ao se abster na votação dos resultados, colocou-se do lado errado, como cúmplice, por isso o trato como ex-bispo”.
Refira-se que que a noite eleitoral em Gurué foi tensa. Para além enchimento de urnas, Muchanga denúncia disparos na casa do seu cabeça de lista, sem explicação aparente.