Organizações da sociedade civil exigem justiça contra feminicídios em Moçambiqu
Entre 2022 e 2023, mais uma centena de mulheres perderam a vida vítimas de violência nos principais centros urbanos em Moçambique. Esta situação preocupada sobremaneira a sociedade civil. Com o objectivo contestar apatia das autoridades e, sobretudo, aumentar a conscientização, promover acções concretas e honrar as vítimas de feminicídio, a Associação Sócio Cultural Horizonte Azul (ASCHA), organizou, na última semana, na capital moçambicana, Maputo, uma marcha pacifica.
Em Moçambique, nos últimos anos, a violência doméstica contra a mulher é um dos mais graves problemas que a sociedade enfrenta. O grosso dos casos de violência e violações das mulheres termina em feminicídio, sendo que este fenômeno acontece sob o olhar impávido das autoridades da lei e ordem.
Para acabar com o assassinato das mulheres, as organizações da sociedade que advogam sobre os direitos humanos das mulheres e raparigas defendem que o Governo deve implementar algumas medidas.
Foi neste âmbito que, na última semana, a Associação Sócio Cultural Horizonte Azul (ASCHA), em parceria com nove associações da sociedade civil, nomeadamente, Fundação Fredrich Ebert Stiftung (FES), FDC, OXFAM, CESC, Observatório das Mulheres, Visão Mundial, Hivos, Fórum Mulher, organizou uma marcha de repúdio contra a onda de feminicídios.
De acordo com Dalila Macuacua, directora – executiva da ASCHA, com esta iniciativa as mulheres pretendem pressionar o Executivo para que olhe com mais atenção para a onda da violência contra as mulheres e raparigas.
“Queremos que comecem a olhar para este problema de feminicidio como um fenômeno social e que requer uma luta energética nacional. Queremos que comecem a tratar as mulheres com cidadãs e como sujeitas. Não podemos continuar a fechar os olhos perante está triste realidade. A maior população do mundo a ser assassinada e abusada e ninguém fazer nada. Queremos instrumentos que possam garantir com que os infractores sejam julgados e condenados. Queremos que feminicidio passe para a história deste país. Queremos que a Violência Baseada no Gênero passe para história deste país”, disse Dalila Macuacua para posteriormente referir as organizações da sociedade civil vão continuar a lutar para acabar com todas formas de violência contra a mulher.
“Queremos que a Constituição da República seja a nossa carta que garante os direitos humanos dos homens e mulheres sejam salvaguardados. As mulheres não podem continuar a ser saco de pancadas. Queremos colocar um basta nesta situação. Não iremos baixar os braços, vamos continuar a lutar para acabar com todos tipos de violência contra a mulher e a rapariga”.
Por sua, Leila Lequidão, activista social e representante da Associação Hixikakwe, defendeu que não pode haver caução para os violadores.
“Não há caução para violador, não há liberdade. Se matou porque continua a passear na rua como se nada tivesse acontecido. A constituição da República é clara, mas não está a ser cumprida.
Queremos justiça, queremos que os responsáveis das mortes das mulheres fiquem encarcerados. O nosso grito será todos os dias, pode até não ser na rua, mas continuaremos a lutar para travar as mortes de mulheres vítimas de violência e, sobretudo, pelos nossos direitos”, declarou.