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INAUGURADO EM 2021: Matadouro industrial declara falência em Panda

Em Outubro de 2021, o Governo, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, procedeu, no distrito de Panda, na província de Inhambane, a inauguração de um matadouro industrial com capacidade de processar mais de 3500 toneladas de carne por ano. Dois anos depois, o matadouro, fruto de um investimento avaliado em 240 milhões de meticais, encerrou as portas e, consequentemente, rescindiu contratos com os trabalhadores. O sonho de exportar carne para China tombou com estrondo.

Texto: Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

Celso Coreia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, foi quem liderou a cerimónia de inauguração e entrega daquele que era considerado o segundo maior matadouro industrial do País, localizado em Inhassune, no distrito de Panda.

A entrada em funcionamento daquela infra-estrutura de capitais chineses alimentou falsas expectativas no seio da população local, sobretudo entre os jovens, que depositavam naquele “monstro industrial” as esperanças de abandonar a fila do desemprego. Deu tudo errado. O matadouro foi encerrado ainda no ano passado, dois anos depois da sua inauguração, o que representa um golpe às aspirações económicas do distrito e da província.

Entre os vários factores que contribuíram para o encerramento do matadouro, o destaque vai para a falta de clientes. É que a grande expectativa era exportar a carne lá processada para o mercado chinês, o que nunca se concretizou. Pelo contrário, a indústria acumulou prejuízos, pois havia muita carne mas a procura era baixa, sendo que a isso soma-se o facto de os preços praticados no mercado interno serem baixos.

Não havia negócio, mas havia que lidar com as facturas de água, energia bem como com o pagamento dos honorários aos trabalhadores. A empresa ainda tentou resistir, mas, ao segundo ano de actividade, rendeu-se e os proprietários declararam falência, empurrando 50 trabalhadores para o desemprego.

Refira-se que, para além de criar emprego para os jovens, a indústria tinha outras obrigações de âmbito social. Um dos planos, que não chegou a ser implementado, era identificar e executar projectos que fossem prioritários para as comunidades que vivem à volta do Matadouro.

Governo distrital preocupado, mas impotente

O Governo do distrito de Panda diz que foi com imensa preocupação que recebeu a notícia do encerramento do estabelecimento. Acrescenta que conversou com os proprietários no sentido de encontrar possíveis soluções, mas o esforço redundou no fracasso.

Segundo o administrador Ambasse Bachir Aly, aquando da abertura daquela indústria, os proprietários tinham expectativas de fazer negócio com a China, mas o País asiático não abriu o mercado para importação da carne, o que deitou tudo abaixo.

“Os preços que eram praticados internamente também não ajudavam em nada, olhando para aquilo que são as despesas que a empresa tinha que pagar, falo de água, energias e mão-de-obra”, explicou.

Embora preocupado, o Governo local explicou que, por estas alturas, não há condições para reverter o cenário, pelo que “o matadouro vai continuar encerrado, mesmo que isso possa prejudicar a economia da província de Inhambane, em particular do distrito de Panda, nada pode ser feito neste momento”.

Assim será indústria até que o mercado chinês abra para poder receber carne ou até ser identificado um merca – do internacional alternativo.

Conforme referido anteriormente, a construção e apetrechamento do matadouro ora encerrado custou mais de 240 milhões de meticais, um investimento chinês. A infra-estrutura foi implantada num espaço de 800 hectares, onde também produz sua própria carne.

O “Sustenta”, um programa lidera – do por Celso Correia, havia garantido apoiar o matadouro através de crédito, para que possa ter capacidade de comprar e processar toda carne do sector familiar em todos os distritos.

Texto extraído na edição 125 do Jornal Dossier económico

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