O Governo, através da presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, reconheceu esta quinta-feira (8) a importância das contribuições da comunidade internacional na resposta às adversidades que têm assolado o País, destacando, entre outros, o apoio do Japão, segundo informou a Lusa.
Texto: Dossier Económico
“A cooperação com o Japão remonta aos primórdios da independência e tem sido determinante nos esforços do Governo para a persecução dos objectivos do desenvolvimento económico, social e sustentável”, afirmou Luísa Meque, em Maputo, na cerimónia de assinatura do acordo para a concessão de um apoio japonês de assistência alimentar ao Programa Alimentar Mundial (PAM), destinado à província de Cabo Delgado.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa que decorre entre Outubro e Abril.
“Importa referir que no quadro de cooperação bilateral nos últimos anos, o sector de Gestão e Redução de Riscos e Desastres beneficiou de vários apoios”, explicou Luísa Meque, sobre o apoio do Japão.
“Em 2019, o apoio às vítimas do ciclone Idai foi de 436,4 milhões de meticais, em 2022, a ajuda financeira foi na ordem de 335,2 milhões de meticais destinados à assistência humanitária, e ainda em 2022, para responder ao plano entre o Governo e parceiros de cooperação, o Governo do Japão contribuiu com mais 113,8 milhões de meticais para assistência humanitária”, sublinhou a responsável.
O período chuvoso de 2018-19 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o País.
Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas e destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.
No acordo assinado esta quinta-feira (8), o Governo japonês desembolsou 126,5 milhões de meticais ao PAM, para fornecer ajuda alimentar a 48 mil deslocados internos na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
“Esta oportuna contribuição permitirá apoiar as populações mais vulneráveis do País com a distribuição de arroz e conservas do Japão a cerca de 48 mil deslocados internos na província de Cabo Delgado durante um período de seis meses”, explicou anteriormente o PAM.
Também o Governo da Noruega já havia desembolsado, em Julho, 208,7 milhões de meticais ao PAM, neste caso para o reforço dos sistemas alimentares adaptados às mudanças climáticas e à expansão dos programas de alimentação escolar no Sul do País, projecto a implementar em seis distritos das províncias de Gaza e Inhambane.
No final de Setembro, o Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou à preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno El Niño nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca em todo o território.
A província de Cabo Delgado enfrenta há mais de seis anos ataques terroristas por grupos associados ao Estado Islâmico, os quais provocaram mais de 1,2 milhões de deslocados, segundo dados oficiais, mas também efeitos das alterações climáticas, como cheias.