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REVÉS NO COMBATE À MALÁRIA: Cada vez mais pessoas abandonam redes mosquiteiras

Num cenário em que 58% dos agregados familiares possuem, pelo menos, uma rede mosquiteira de qualquer tipo, e 57% têm, pelo menos, uma rede tratada com insecticida (RTI), verifica-se uma queda significativa em comparação com o período de 2011 a 2018, quando o acesso às redes mosquiteiras cresceu de 51% para 82%. Esta informação está contida no relatório do Inquérito Demográfico e de Saúde 2022–23 (IDS 2022–23), realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Este inquérito visa fornecer estimativas actualizadas de indicadores demográficos e de saúde específicos do País, permitindo monitorizar e avaliar o desempenho das políticas públicas, bem como indicadores essenciais para o alcance dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Texto: Milton Zunguze

O relatório destaca que a província de Tete apresenta o menor empenho no que diz respeito aos agregados familiares com, pelo menos, uma RTI por cada duas pessoas, o que representa 33%, seguida pela Zambézia com 41%, cidade de Maputo com 43%, Niassa com 44% e província de Maputo com 52%. As províncias de Manica (63%), Cabo Delgado (67%), Nampula e Gaza (69%) mostram números mais elevados, enquanto Sofala (80%) e Inhambane (75%) lideram em termos de acesso.

O acesso às RTIs aumentou de 37% em 2011 para 69% em 2018, mas caiu para 45% em 2022–23. O uso de RTIs seguiu uma tendência semelhante, subindo de 30% em 2011 para 68% em 2018, mas depois caindo para 39% em 2022–23.

“Vinte e sete por cento das RTIs não foram utilizadas por ninguém na noite anterior ao inquérito. Entre as razões citadas, a mais comum foi ´a rede não era necessária ontem à noite’ (30%), seguida por ‘não há mosquitos/não há malária’ (27%) e ‘estava demasiado quente’ (12%)”, revela o documento.

Hipertensão predomina nas cidades

Doenças crónicas, especialmente a hipertensão, têm afectado principalmente as áreas urbanas, com 14% das mulheres e 7% dos homens entre 15 e 49 anos a apresentarem pressão arterial alta, em comparação com 6% das mulheres e 2% dos homens nas zonas rurais. Entre as pessoas com doenças cardíacas ou crónicas, 33% das mulheres e 30% dos homens estão a receber tratamento.

O nível de conhecimento sobre a tuberculose (TB) é mais elevado nas áreas urbanas, onde 91% das mulheres e 94% dos homens conhecem a doença, comparado com as áreas rurais, onde 72% das mulheres e 82% dos homens têm esse conhecimento. As províncias de Niassa e Cabo Delgado apresentam as taxas mais baixas de conhecimento sobre a cura da TB, enquanto a Cidade de Maputo possui a maior prevalência.

“A resposta mais comum para os sintomas específicos da tuberculose foi a tosse, com 51% das mulheres e 49% dos homens a identificarem a tosse simples como um sintoma, 30% das mulheres e 24% dos homens mencionaram a tosse com escarro, e 38% das mulheres e 35% dos homens consideraram que a tosse prolongada é um sintoma de tuberculose”, detalha o estudo.

Problemas de saúde mental: uma preocupação emergente

No que diz respeito à saúde mental, 61% das mulheres e 84% dos homens entre 15 e 49 anos têm conhecimento sobre doenças mentais, e destas percentagens, Níveis mínimos de gravidez na adolescência estão acima de 10% no País 29% das mulheres e 47% dos homens sabem que existe tratamento. Os sintomas mais identificados foram “falar sozinho em voz alta”, citado por 89% das mulheres e 71% dos homens, seguido de “andar sujo ou desleixado”, apontado por 48% das mulheres e 47% dos homens.

Entre os problemas de saúde mental, a depressão destaca-se, com a província de Nampula apresentando a maior percentagem de mulheres com sintomas de depressão (24%) e a província de Gaza a menor (1%). Entre os homens, Niassa regista a maior percentagem (5%) e Inhambane a menor (menos de 1%).

“Os sintomas mais comuns de depressão reportados pelas mulheres foram dificuldade em adormecer ou manter o sono, dormir demais ou muito pouco, sensação de desânimo, desalento ou falta de esperança, e cansaço ou falta de energia, todos com 11%. Nos homens, os sintomas mais comuns foram sensação de desânimo, desalento ou falta de esperança (7%) e dificuldade em adormecer ou manter o sono, dormir demais ou muito pouco (5%).”

Gravidez na adolescência: taxas ainda elevadas

No que toca à saúde reprodutiva dos adolescentes, os dados mostram que 36% das mulheres entre 15 e 19 anos já engravidaram pelo menos uma vez, com 29% já tendo tido um filho vivo, 3% tendo sofrido uma perda e 8% estando grávidas na altura do inquérito. As províncias de Cabo Delgado (55%) e Niassa (52%) apresentam os níveis mais elevados de gravidez na adolescência, enquanto a Cidade de Maputo (12%) e a província de Maputo (18%) apresentam os níveis mais baixos.

Em relação ao planeamento familiar, o IDS 2022–23 revela que 93% das mulheres e 97% dos homens já ouviram falar de algum método contraceptivo moderno. O uso desses métodos por mulheres casadas aumentou de 12% em 2003 para 25% em 2022–23, sendo maior nas áreas urbanas (40%) do que nas rurais (18%).

“Em termos provinciais, a Zambézia (11%), Nampula (13%) e Cabo Delgado (14%) registam as percentagens mais baixas de mulheres casadas a usar métodos modernos, enquanto a província de Maputo regista a percentagem mais elevada (63%).”

Reduz mortalidade infantil

As taxas de mortalidade infantil e juvenil mostraram uma redução contínua desde 1997. O declínio mais notável foi na mortalidade infanto-juvenil, que diminuiu de 201 mortes por 1.000 nascidos vivos no período de cinco anos anteriores a 1997 para 60 mortes por 1.000 nascidos vivos no período de cinco anos anterior ao IDS 2022–23.

“No período de cinco anos anterior ao inquérito, a taxa de mortalidade neonatal foi de 24 mortes por 1.000 nascidos vivos, tanto na área urbana quanto na rural. No entanto, a taxa de mortalidade infanto-juvenil foi mais elevada nas áreas rurais (63 mortes) do que nas urbanas (50 mortes por 1.000 nascidos vivos). Excepto na taxa de mortalidade pós- -infantil, as taxas de mortalidade infantil são mais elevadas para meninos do que para meninas”, explica o relatório.

Relativamente à vida das crianças e à sobrevivência dos pais, 54% das crianças com menos de 18 anos vivem com ambos os progenitores, enquanto 11% não vivem com nenhum dos pais. Cerca de 20% vivem com as mães, embora tenham pais vivos, e 3% vivem apenas com os pais. As províncias com as maiores percentagens de crianças órfãs de ambos os progenitores são Gaza (15%), Cabo Delgado (14%), e Manica e Sofala (13% cada). Niassa tem a percentagem mais baixa, com 7%.

“A percentagem de crianças com menos de 18 anos que são órfãs de um ou ambos os progenitores manteve-se praticamente inalterada nas últimas duas décadas, passando de 11% no IDS 1997 para 10% no IDS 2003 e para 11% no IDS 2022–23”, conclui o relatório.

Refira-se que o estudo que temos vindo a citar foi realizado em duas etapas, com o objectivo de fornecer estimativas ao nível nacional, para áreas urbanas e rurais, e para cada uma das dez províncias. A primeira etapa envolveu a selecção de amostras de conglomerados (clusters), consistindo em áreas de enumeração (AE) delineadas com base no IV Recenseamento Geral de População e Habitação (IV RGPH) de 2017. Na segunda etapa, foram seleccionados sistematicamente 26 agregados familiares com probabilidades iguais em cada área de enumeração.

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