O Textáfrica de Chimoio, um dos clubes históricos do futebol moçambicano, volta a ser notícia com a chegada de Alex Cepeda como novo treinador, após a saída de João Chissano devido à crise financeira que afeta o clube. Cepeda, de nacionalidade luso-moçambicana, desembarcou no último domingo no Aeroporto Internacional de Maputo, com promessas de muito trabalho para tentar resgatar os “fabrís do planalto” da sua difícil situação no Moçambola.
Texto: Amad Canda
Ao chegar, Cepeda fez questão de afirmar: “Onde passo, gosto de deixar minhas marcas. Vou fazer de tudo para ficarmos no Moçambola.” No entanto, apesar da sua determinação, os desafios que ele terá pela frente vão além da táctica em campo. A instabilidade financeira e administrativa do Textáfrica tem sido uma pedra no sapato do clube nos últimos anos, contribuindo para a sua má performance e colocando em risco a sua permanência no campeonato nacional.
Crise financeira e desestabilização
A falta de estabilidade no Textáfrica tem sido um dos maiores motivos para o insucesso do clube. Nos últimos anos, o clube tem enfrentado problemas financeiros graves, que não só resultaram na saída de vários técnicos, como também afetaram directamente o rendimento dos jogadores. A equipa foi afastada do Moçambola em anos anteriores pela Federação Moçambicana de Futebol, por não cumprir com os requisitos necessários, incluindo o pagamento regular de salários aos jogadores e à equipa técnica. A situação levou o clube a perder credibilidade no seio do futebol moçambicano e a enfrentar uma crise sem precedentes.
João Chissano, o técnico que antecedeu Cepeda, foi mais uma vítima dessa instabilidade. Forçado a abandonar o clube devido à incapacidade do Textáfrica de garantir condições mínimas de trabalho, Chissano deixou o clube numa posição crítica no Moçambola 2024, com apenas 11 pontos e na última posição da tabela classificativa. A derrota em casa para o Costa do Sol por 2-0 na 16.ª jornada não só agravou a situação do clube, como também aumentou o desespero dos adeptos, que assistem impotentes à deterioração do seu clube.
Desafios de Alex Cepeda
O novo treinador tem agora a difícil tarefa de tentar re verter o cenário em que o Textáfrica se encontra. Para além de recuperar uma equipa desmotivada e em crise, Cepeda terá de lidar com a herança de uma gestão financeira e administrativa precária, que continua a comprometer o bom desempenho desportivo do clube. O seu maior desafio será manter o Textáfrica no Moçambola, uma tarefa que parece cada vez mais difícil dada a situação actual.
Apesar da sua promessa de deixar uma marca positiva, a sobrevivência do Textáfrica no campeonato depende, em grande parte, de uma reestruturação urgente e de um plano de estabilização financeira, que permita ao clube cumprir com as suas obrigações contratuais e criar condições para um ambiente competitivo. Caso contrário, mesmo o esforço de Cepeda poderá ser insuficiente para evitar a queda do clube para divisões inferiores.
O Textáfrica de Chimoio, outrora um dos clubes mais respeitados do país e o primeiro campeão nacional, luta agora pela sobrevivência, num contexto onde as crises internas têm sido uma constante. Para os seus adeptos e simpatizantes, a esperança é que Cepeda consiga trazer uma nova energia ao clube e ajudar a mitigar os efeitos de anos de má gestão e instabilidade. No entanto, o futuro do clube ainda é incerto e dependerá, acima de tudo, da capacidade da direcção em resolver os problemas estruturais que há muito tempo o afectam.