O Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP), em parceria com a Art Mud (Arte para a Mudança), realiza amanhã, 17 de Outubro, pelas 16 horas, no Centro Cultural Brasil-Moçambique, o lançamento oficial do projecto Sonho entre Muros. O projecto, desenvolvido pela Art Mud em colaboração com o produtor musical Aleixo Ibraimo, tem como objectivo promover a reabilitação e reintegração social das reclusas por meio de manifestações culturais, estimulando o desenvolvimento de uma consciência saudável durante o período de reclusão e após a libertação.
Segundo Bena Filipe, artista plástica e activista social, e mentora do projecto, a iniciativa teve início em 2020, durante uma visita social ao Estabelecimento Penitenciário de Ndlavela. Na ocasião, foi identificada a necessidade de implementar actividades artísticas dentro da prisão. Contudo, devido à pandemia de COVID-19, as actividades foram suspensas, sendo retomadas em 2021 com três eventos: um debate, uma oficina de artes e uma partida de futebol.
Bena Filipe explicou que, após algum tempo, o estabelecimento penitenciário autorizou oficialmente o desenvolvimento das actividades, mas o projecto enfrentou desafios iniciais por falta de patrocínio. Mesmo assim, as actividades começaram de forma voluntária, começando com as artes plásticas e o artesanato, seguidas pela introdução da música, dança, teatro e ensino.
Em 2022, 18 reclusas receberam certificados após participarem nas actividades artísticas. Após a certificação, surgiu a necessidade de continuar o projecto, levando as reclusas a participarem em programas de televisão e gravarem músicas em estúdio. O lançamento oficial do EP será no dia 17 de Outubro no Centro Cultural Brasil-Moçambique.
O grupo musical é actualmente composto por 16 mulheres, mas apenas cinco se apresentarão ao público neste evento. O projecto também inclui aulas de guitarra, com o desejo de expandir para outros instrumentos, embora enfrentem dificuldades na aquisição dos mesmos. O apelo é feito a empresários e particulares que possam apoiar a iniciativa.
Para a activista social, o projecto tem sido um sucesso, pois as reclusas têm mostrado empenho e, apesar das dificuldades, continuam firmes. Ela destaca que o público e as famílias não se opuseram ao projecto, embora tenham sido dadas orientações para proteger a identidade das reclusas.
Perspectiva do show
Bena Filipe espera que o público, as famílias, a academia, a sociedade civil, magistrados e líderes religiosos compareçam ao evento e avaliem o trabalho desenvolvido. Ela também sublinha que, apesar das reclusas terem cometido infracções no passado, não devem ser reféns disso, apelando para a reabilitação e reintegração social dessas mulheres.
Uma das participantes mais jovens, Leta Machava, de 22 anos, entrou no projecto em 2022. Ela conta que o projecto tem sido muito positivo para ela, pois tem recebido apoio dos professores para desenvolver seu talento na música, particularmente no estilo Marrabenta. Para Leta, o projecto trouxe uma grande mudança na sua vida na prisão, ajudando-a a ocupar o tempo de forma produtiva e significativa.
As reclusas já estabeleceram parcerias com músicos renomados, como Dama do Bling, Mr. Bow e Liloca, entre outros.