A Comissão Provincial de Eleições (CPE) em Inhambane anunciou, na semana passada, os resultados preliminares das VII eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, realizadas no passado dia 9 de Outubro, que deram uma larga vantagem ao partido FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Francisco Chapo. Entretanto, a RENAMO, o ainda segundo maior partido da oposição em Moçambique, não aceita os resultados, alegando que estas foram as eleições mais fraudulentas de sempre e defende que as mesmas devem ser anuladas.
Texto: Anastácio Chirrute
A província de Inhambane registou mais de um milhão de eleitores inscritos, mas apenas 433 mil compareceram às urnas para exercer o seu direito de voto, o que significa que mais da metade dos eleitores não votou, uma situação vista como bastante preocupante. Dos 433 mil eleitores que participaram, cerca de 300 mil votaram na FRELIMO, enquanto os restantes 133 mil votos foram distribuídos entre os partidos da oposição. O PODEMOS ficou em segundo lugar, a RENAMO em terceiro e o MDM em quarto.
A RENAMO, a nível da província de Inhambane, contactou a nossa equipa de reportagem para reagir aos resultados anunciados pela CPE, declarando que não concorda com os mesmos, alegando que foram manipulados para beneficiar a FRELIMO e o seu candidato. O partido acusa os órgãos eleitorais de serem cúmplices deste esquema fraudulento.
Segundo o delegado político provincial da RENAMO em Inhambane, Carlos Maela, os resultados “provam claramente que as eleições em Moçambique nunca foram justas e muito menos transparentes”. Como solução, o partido exige a anulação das eleições.
“Não concordamos com os resultados porque não reflectem a realidade. Trabalhámos muito bem, apesar de termos enfrentado alguns problemas internos a nível da liderança. Conseguimos mobilizar muitos eleitores que ainda confiam na RENAMO e no nosso candidato. Isso significa que houve, de facto, uma grande fraude para beneficiar a FRELIMO”, afirmou Maela.
RENAMO critica “eleições cronometradas”
A RENAMO também acredita que uma das razões para a elevada abstenção foi o facto de muitos moçambicanos terem percebido que a FRELIMO já tinha orquestrado o processo eleitoral a seu favor, colocando em causa a democracia que os cidadãos tanto almejam.
“Estas eleições são muito diferentes dos processos anteriores. Foram eleições cronometradas. A FRELIMO definiu o número de eleitores que votariam e garantiu que a maior parte desses votos seriam a seu favor. Por isso, muitos eleitores não foram votar, percebendo que o resultado já estava previamente estabelecido. Isso não é um jogo democrático NA PROVÍNCIA DE INHAMBANE nem eleições justas.”
A “perdiz” também responsabiliza a FRELIMO pelos baixos resultados que o partido e o seu candidato, Ossufo Momade, obtiveram nestas eleições, acusando-a de ter impedido os eleitores de votarem ao recolher cartões de eleitor em várias áreas da província de Inhambane.
“Houve impedimentos ao voto, porque a FRELIMO recolheu cartões de eleitor. Isso aconteceu em todos os distritos da província. Os eleitores que votaram foram apenas aqueles que vivem nas vilas e cidades. No interior, onde a RENAMO tem a maior parte do seu eleitorado, praticamente não houve votação. Numa mesa de 700 eleitores, votaram apenas 90. Noutra mesa, de 800, votaram apenas 200. Isso é uma grande fraude.”
Silêncio sobre a greve convocada por Venâncio Mondlane
Quanto à greve convocada por Venâncio Mondlane na passada segunda-feira, 21 de Outubro,, a RENAMO preferiu não fazer comentários. Limitou-se a apelar aos seus membros e simpatizantes para que mantenham a calma e aguardem pelos resultados a serem divulgados pelos órgãos competentes.
Texto extraído na edição 584 do Jornal Dossiers & Factos