O presidente do partido PODEMOS, Albino Forquilha, visitou na segunda-feira, 11 de Novembro, os internados no Hospital Central de Maputo, vítimas das agressões policiais ocorridas durante as manifestações em todo o País, no âmbito da reivindicação pela reposição da verdade eleitoral.
Entre os internados encontram-se jovens, adultos e crianças, muitos dos quais atingidos por balas reais, sem qualquer ligação às manifestações. Alguns relataram nem sequer saber como foram baleados, uma vez que circulavam normalmente nas suas zonas residenciais, em actividades rotineiras como fazer compras ou deslocar-se entre pontos do bairro.
Um caso emblemático é o de uma criança de dois anos que foi alvejada nas costas enquanto estava com a mãe. Segundo esta, o incidente ocorreu quando regressava de um local e passou por uma padaria para comprar pão. “De repente, a minha filha começou a chorar sem parar, e percebi que estava ferida e a sangrar. A polícia ainda pegou na menina e exibiu-a aos manifestantes, sem sequer prestar os primeiros socorros”, contou a mãe, visivelmente abalada.
Outra vítima, uma mulher baleada na perna, explicou que foi atingida enquanto saía para comprar um “dragão” (instrumento usado para afugentar mosquitos). “Não entendo por que razão fui baleada. Esta situação está a custar-me a vida”, lamentou.
Dois adolescentes, de 16 e 17 anos, também estão entre os feridos. Ambos afirmaram que não participavam nas manifestações e desconhecem os motivos pelos quais foram atingidos.
Na ala de Ortopedia do HCM, Albino Forquilha dialogou ainda com alguns manifestantes feridos. Estes explicaram que participavam de forma pacífica nos protestos, mas a Polícia da República de Moçambique (PRM) iniciou disparos com munição real, alterando a dinâmica das manifestações.
Os relatos indicam que muitos foram atingidos nas pernas, braços e outras partes do corpo, resultando em limitações físicas e dificuldades de reintegração social. As manifestações, segundo os manifestantes, são motivadas pela exigência de justiça eleitoral, face aos resultados que atribuem vitória ao candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, colocando Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS, em segundo lugar.
Entre os feridos, Forquilha também visitou um agente da PRM, com quem manteve diálogo.
Após a visita, o presidente do PODEMOS garantiu que o partido irá providenciar apoio às vítimas em várias vertentes, desde a assistência jurídica até ao suporte social. Forquilha afirmou ainda que foi apresentada uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional (TPI), para responsabilizar os autores das agressões e restabelecer a normalidade no país.
Acompanharam o líder do PODEMOS na visita o secretário-geral do partido, Sebastião Mussanhane, e a equipa técnica de Ortopedia do HCM.