Como esperado, o Conselho Constitucional, representado pela sua presidente Lúcia Ribeiro, proclamou nesta segunda-feira (23 de Dezembro) a Frelimo e Daniel Chapo como vencedores das eleições gerais de 09 de Outubro. Sem surpresas, a resposta nas ruas foi imediata, com o início à etapa “Turbo V8” das manifestações, em repúdio aos resultados anunciados.
O primeiro dia de protestos foi devastador, com mais de trinta episódios de vandalismo registados em diferentes regiões do País. Na província de Maputo, a violência foi particularmente intensa. Esquadras de polícia como as de Cinema 700, Patrice Lumumba e Ndhlavela foram incendiadas, assim como as portagens de Matola Gare e Cumbeza. Em Bobole, ao longo da Estrada Nacional Número 1, quatro autocarros foram incendiados. Em Boane, manifestantes destruíram uma viatura da Polícia da República de Moçambique (PRM) e incendiaram o posto administrativo e o posto policial de Mathemele. A casa da ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, que também é mandatária do partido Frelimo, também foi atacada.
Na cidade de Maputo, os danos não foram menos graves. Incêndios atingiram o tribunal de Kamaxaquene, os balcões do Millennium Bim de Choupal e do BCI do Benfica. Lojas como Terramar e Ipanema de Choupal foram vandalizadas, e a fábrica da Cervejas de Moçambique (CDM) no bairro Jardim foi saqueada. Uma escola atribuída a Bernardino Rafael, comandante geral da PRM, também foi incendiada. Na entrada do Aeroporto Internacional de Maputo, houve tentativas de vandalismo, mas os danos foram contidos.
No sul, a onda de destruição alcançou a província de Gaza, onde a casa do presidente do município da Macia foi vandalizada, mostrando que os protestos se expandiram além da capital e seus arredores.
No norte do país, a violência continuou. Em Nampula, o epicentro dos distúrbios, o supermercado Shoprite e a tijoleira Good One foram vandalizados. A terceira esquadra de Namicopo e o posto policial de Cavaloaria foram incendiados, com viaturas destruídas. Em Ribáuè, incêndios deixaram uma localidade em ruínas. Em Mecubúri, o restaurante Laurentina foi queimado, resultando em duas mortes. Em Nacala, infraestruturas públicas e privadas foram saqueadas e vandalizadas, acentuando a insegurança.
Em Malema, na província de Nampula, o chefe das operações foi morto pelos Naparamas, ilustrando o agravamento do cenário de instabilidade.
A situação foi igualmente grave em Cabo Delgado, onde uma mina foi alvo de ataques, resultando no incêndio das instalações e na morte de dois manifestantes baleados
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