A Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) emitiu um comunicado no dia 30 de Julho condenando veementemente a agressão sofrida pela equipa da conceituada escritora Paulina Chiziane, levada a cabo pelos seguranças da Igreja Divina Esperança no domingo, 28 de Julho, em Marracuene, província de Maputo. O incidente ocorreu quando a escritora e sua equipa estavam a captar imagens nas imediações da igreja para o vídeo de um projecto intitulado “Pobreza”.
No comunicado, a AEMO descreveu o acto como uma “sevícia” e “confisco criminoso” dos bens da escritora, afirmando que a acção ordenada pelo líder da igreja contradiz os princípios religiosos e cívicos. “Constituem uma inadmissível ameaça à liberdade de criação artística e ao exercício dos direitos sociais e de cidadania consagrados pela Constituição da República”, destaca o documento. A Associação expressou solidariedade com Paulina Chiziane e sua equipa, apelando para que a igreja se retrate e repudie formalmente o comportamento de seus seguranças.
Segundo relatos, a agressão começou quando Vieira Mário, assessor de Paulina, e outros membros da equipa foram abordados pelos seguranças da igreja sob a alegação de estarem a filmar sem autorização. Os seguranças forçaram a entrada no veículo da equipa, roubaram um telemóvel e, em seguida, levaram os membros para uma esquadra policial próxima, embora o caso não tenha avançado para a detenção.
Nas redes sociais, diversas personalidades manifestaram apoio à escritora, criticando duramente as acções da Igreja Divina Esperança. A situação ganhou ainda mais repercussão após o líder da igreja ter feito declarações acusando Paulina Chiziane de praticar bruxaria nas proximidades de sua congregação.
Paulina Chiziane é uma renomada escritora moçambicana, aclamada internacionalmente, sendo a primeira mulher negra a ganhar o prestigiado Prémio Camões, além de ter sido distinguida com diversas honrarias ao longo de sua carreira.
