Albino Mahumana, artista plástico e fotojornalista, que já foi editor de fotografia do jornal Dossiers & Factos, participará, no próximo dia 1 de Novembro, da 10ª edição do Festival Internacional de Arte de Geoje, a ser realizado no Museu Temático Haegeumgang, na Coreia do Sul. Junto a ele, representando Moçambique, estará o artista de arte em mosaico Marcelino Manhula. Eles serão os únicos representantes do país e toda a África Subsaariana no prestigiado evento.
Texto: Amad Canda
A exposição, intitulada “Linguagem de Coexistência, Arte”, abrange diversas áreas artísticas, como pintura, fotografia, arte digital, vídeo, escultura, instalação e cerâmica. Este festival é uma das mostras internacionais mais relevantes da Ásia e este ano conta com a participação de mais de 300 artistas de todo o mundo, sendo um espaço de destaque para a arte moçambicana.
O Museu Temático Haegeumgang, inaugurado em 2005, é conhecido por seus temas associados a materiais modernos e contemporâneos da Coreia, além de cultura e história europeias, história marítima, história da guerra e arte contemporâneas. O museu funciona como um espaço onde os visitantes podem vivenciar o passado, o presente, a história e a arte, divididos entre a sala de exposições da história coreana moderna e contemporânea e o Museu de Arte Yugyeong.
A exposição internacional teve início em 2015 com a Exposição Internacional de Comunicação Ambiental, que contou com a colaboração de 105 artistas em diversos géneros. Desde então, o evento se realiza anualmente, focando nos temas de liberdade e paz. Em comemoração ao seu 10º aniversário em 2024, a exposição enfatiza a coexistência pacífica cultural, ambiental, racial e de igualdade entre os sexos.
A júri portuguesa, Cristina Maya Caetano, que tem fortes ligações com Moçambique e é autora do livro “Conhecer o Teatro em Moçambique”, teve um papel crucial na selecção dos artistas, incluindo os moçambicanos Albino Mahumana e Marcelino Manhula. Segundo Cristina, “a participação moçambicana é de grande relevância, pois oferece aos artistas a oportunidade de expandir seus horizontes artísticos e dar visibilidade à arte e cultura de Moçambique em um mercado de arte em expansão como o asiático.”
Albino Mahumana apresentará sua pintura em acrílico sobre tela intitulada “Vidas Conectadas”. Ele explica que sua obra “demonstra o contributo que a comunidade moçambicana tem para mostrar ao mundo, de como as sociedades devem viver e coabitar no mesmo espaço em harmonia. A partilha de conhecimento, a divisão equitativa de bens e o amor ao próximo são valores essenciais que a arte moçambicana promove.”
Marcelino Manhula, por sua vez, exibirá seu trabalho “Thombi” na arte contemporânea de mosaico. Para ele, “Thombi” simboliza a cerimónia tradicional em Moçambique que prepara uma jovem para a feminilidade. “Esta obra representa o poder do ritual no caminho da feminilidade e destaca a importância do respeito pelas mulheres em uma coexistência global pacífica, respeitando os costumes e culturas”, explica Marcelino.
Para Maya Caetano, a participação de Moçambique no festival “é importante para que mais países africanos se entusiasmem e possam seguir-lhe as pisadas, participando em eventos internacionais tão carentes da participação africana. O mundo precisa de conhecer mais a arte africana, especialmente a moçambicana, e espero que a presença de Albino Mahumana e Marcelino Manhula ajude a levantar o véu da arte africana para o mundo.”
Com esta participação, Moçambique se destaca como um importante representante da África Subsaariana no cenário internacional de arte, promovendo a rica e diversa cultura do país e contribuindo para um diálogo artístico global pautado pela paz e igualdade.