A instabilidade política crescente no País, decorrente das manifestações em repúdio aos resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), tem afectado toda a cadeia de valores da economia nacional, intensificando a falta de divisas internacionais e aumentando as incertezas económicas. Alcides Cintura, presidente do Conselho Empresarial Provincial (CEP) de Manica, apelou à calma dos políticos diante deste cenário, afirmando que a situação não contribui para melhorar o ambiente económico no País.
Texto: Milton Zunguze
Face às recentes e sucessivas paralisações resultantes de manifestações, que têm impactado os agentes económicos e o ambiente de negócios em geral, Cintura, em entrevista ao Dossier Económico, enfatizou a necessidade de serenidade por parte dos líderes políticos. Segundo ele, a situação actual ultrapassa o controlo dos empresários nacionais, visto que a política afecta todos os sectores da economia. “Infelizmente, a política tem uma influência transversal e nenhum sector fica imune a ela”, afirmou Cintura, destacando o ambiente de “medo” sentido pelos agentes económicos, especialmente na província de Manica.
Cintura relatou que, nas manifestações anteriores, Manica sofreu prejuízos significativos, com estabelecimentos comerciais arrombados, armazéns saqueados e interrupções no sector dos transportes. “Os danos foram extremamente graves. Muitos comerciantes perderam mercadorias e equipamentos, e veículos de transporte foram paralisados, resultando em prejuízos enormes,” disse Cintura, solidarizando-se com as vítimas e alertando para o impacto que isso poderá ter sobre os preços, devido à possível escassez de produtos.
Em relação à “Marcha para Maputo”, que começou em 31 de Outubro e deverá durar sete dias, Cintura expressou esperança de que a manifestação se mantenha pacífica. “Esperamos que esta terceira fase decorra sem agressividade, pois é uma marcha pacífica,” afirmou ele, acrescentando que o foco dos empresários deve permanecer na criação de negócios e apelando ao Governo para que assuma a responsabilidade de resolver a crise política.