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Brigadeiro da Renamo estranha candidaturas de gente próxima a Ossufo Momade

A Renamo, segunda maior força política nacional, vai ao seu VII Congresso nos dias 15 e 16 de Maio (quarta e quinta-feira), no distrito de Alto-Molócuè, província da Zambézia. Na magna reunião, como de praxe, será eleito o líder da Renamo para os próximos cinco anos, que provavelmente também será o candidato da “perdiz” à Presidência da República. Nove candidatos procuram “destronar” Ossufo Momade, que tenta renovar o mandato. Para fazer a antevisão do Congresso, Dossiers & Factos conversou com o brigadeiro Faque Ferraria Inácio, um influente membro do partido baseado na cidade da Beira. Faque Inácio considera positiva a existência de muitos candidatos, mas chama atenção para o facto de a maioria ser do círculo próximo ao actual presidente, o que “mostra que algo não está bom”. Entre os contendores, o brigadeiro critica Venâncio Mondlane e Ossufo Momade – o primeiro pelos seus métodos e o segundo pela sua gestão ao longo dos últimos cinco anos, que levaram a que perdesse a confiança do povo.

Texto: Serôdio Towo

 Venâncio Mondlane (ex-assessor do presidente), André Magibire (ex-secretário geral), Alfredo Magumisse (deputado e membro da Comissão Política), Juliano Policarpo (presidente do Conselho Provincial de Tete), Ivone Soares (deputada e antiga líder parlamentar), Elias Dhlakama (deputado), Pedro Murema (vogal do Conselho Provincial da cidade de Maputo), Hermínio Morais (membro da Comissão Política) e Anselmo Victor (chefe do Departamento de Formação) e Ossufo Momade (actual presidente) são as figuras que, à hora do fecho desta edição, tinham já submetido candidatura à liderança da Renamo.

A elevada quantidade de candidaturas surpreende, porque é pouco habitual não só na Renamo, como nos restantes partidos – basta ver as recentes eleições internas na Frelimo e no MDM. Faque Inácio considera que esta variedade mostra que “a democracia interna é positiva”. No entanto, o brigadeiro lamenta que a maioria dos candidatos seja, na sua forma de ver, proveniente do círculo próximo de Momade.

“É bom ver uma variedade de candidatos, mas é preocupante que a maioria deles seja do círculo próximo de Ossufo Momade”, salienta a fonte, para quem isso é evidência de que “alguma coisa não está bem”. Questionado sobre o que é que não estaria bem, rematou:

“O que não está bem é que não deveriam ser todos da estrutura mais próxima do presidente e da Comissão Política. Os deputados…essas pessoas que estão mais próximas e convivem com o presidente no dia-a-dia. Significa que eles trabalhavam, mas também não ajudavam o presidente a fazer boas coisas”.

“Eleição de Momade pode prejudicar a credibilidade da Renamo”

Inácio, que é membro da Assembleia Municipal da Beira, capital provincial de Sofala, defende que a Renamo precisa de um líder que represente “todas as facções” e com capacidade de unir a Renamo. Olhando para a lista de concorrentes, não se atreve a dizer qual deles reúne essas características, mas tem certeza de que a renovação do mandato de Ossufo Momade é má ideia, apontando para a necessidade de haver uma liderança “renovada e forte”.

“Se Ossufo Momade for reeleito, isso pode prejudicar a credibilidade da Renamo. Precisamos de uma liderança forte e renovada para avançar”, afirma o antigo guerrilheiro da “perdiz”, que até apoiou a candidatura do actual presidente no Congresso de Gorongosa, em 2018.

“Foquei-me muito na análise do desempenho político do partido após o desaparecimento de Afonso Dhlakama. Inicialmente, a escolha de Ossufo Momade como líder pareceu adequada dada a urgência da situação, mas ao longo do tempo surgiram conflitos que não foram devidamente resolvidos”, constata.

Faque Ferraria Inácio expressa preocupação com a alegada falta de comunicação e interacção de Momade com as bases do partido, factor que, segundo ele, era uma característica marcante de Dhlakama. Inácio está convicto de que a estrutura do partido falhou ao comunicar apenas com os órgãos mais altos, ignorando os níveis mais baixos, o que, na sua perspectiva, gerou um sentimento de desconexão e falta de apoio entre os membros.

“É essencial que o líder da Renamo mantenha contacto próximo com as bases do partido, algo que tem sido negligenciado nos últimos anos. Isso gerou uma espécie de ‘fome política’ entre os membros, que se sentem desamparados e desconectados da liderança”, aponta.

“Venâncio Mondlane não reúne requisitos para liderar a Renamo”

Em relação a Venâncio Mondlane, Ferraria é crítico, especialmente pela forma como ele se posicionou publicamente “contra” o partido. O ex-cabeça de lista na cidade de Maputo, lembre-se, arrastou o partido para o tribunal, como forma de forçar a realização do Congresso.

Com base nesse comportamento, associado às suas declarações, tidas por muitos como polémicas, o nosso interlocutor questiona a capacidade de Mondlane para liderar o partido.

De resto, a fonte crê que a insistência de Mondlane em se candidatar, não obstante o perfil o exclua automaticamente – não tem 15 anos de militância – constitui falta de respeito pelas regras do partido e pode causar divisões internas.” “Temos que nos unir” Em relação ao estágio emocional dos ex-guerrilheiros da Renamo, Ferraria diz que estão engajados politicamente e esperam que o congresso traga avanços significativos para o partido. “Os ex-guerrilheiros da Renamo estão comprometidos com o partido e esperam que o congresso traga mudanças positivas. Eles querem ver a Renamo crescer e prosperar.”

No final, Inácio enfatiza a importância da unidade no partido e do compromisso com a democracia interna para garantir um futuro promissor para a Renamo.

“É crucial que todos os membros da Renamo se unam em torno do objectivo comum de fortalecer o partido. Devemos trabalhar juntos para garantir que a Renamo continue a ser uma força política relevante em Moçambique.

 Texto extraído na edição 560 do Jornal Dossiers & Factos

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