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CAMPANHA ELEITORAL: Capacidade logística pode “inclinar” o campo

Está transcorrido o primeiro terço do tempo reservado à campanha eleitoral no âmbito das eleições gerais de 09 de Outubro próximo. Lutero Simango, Daniel Chapo, Venâncio Mondlane e Ossufo Momade intensificam a corrida rumo à meta, numa pista em que o factor logística pode ser determinante.

Texto: Dossiers & Factos

A campanha eleitoral para as eleições de Outubro deste ano está ao rubro, com os candidatos presidenciais e as formações políticas que os apoiam a intensificarem o marketing político no sentido de convencer o eleitorado. Volvidas as primeiras semanas dos 45 dias reservados à “caça ao voto”, começam a ficar cada vez mais evidentes as diferenças a nível de logística, com Daniel Chapo em aparente vantagem.

É isso mesmo que revelam os números. O candidato da Frelimo iniciou no último fim-de- -semana o seu trabalho em Inhambane depois de “limpar” quatro provinciais, nomeadamente Sofala (Buzi, Nhamatanda, Gorongosa, Marínguè, Caia, e Marromeu); Tete (Mutarara, Tsangano, Angónia, Macanga, Chifunde, Marávia, Magoe, Cahora Bassa, Changara e cidade de Tete); Manica (Manica, Vanduzi, Gondola, Sussundenga, Mussorize, Machaze e Chimoio); e Zambézia (Morrumbala, Milange, Gurué, Alto Molocuè, Pebane, Mocuba e Quelimane).

São, ao todo, 31 distritos e cidades nas quais Chapo realizou concorridos comícios populares, entre outras acções de propaganda eleitoral. A facilidade com que parte de um ponto para o outro – tem um helicóptero à disposição – reflecte a enorme capacidade política de um partido que, dispondo de uma ampla gama de fonte de receitas para sustentar a campanha, está longe de depender dos fundos disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Aliás, está é praticamente a segunda digressão que Chapo faz pelas províncias do País – a primeira foi no período da famosa pré-campanha – , o que, associado a outros aspectos, como é o caso do marketing digital e auto-suficiência em relação ao material de propaganda, poderá permitir que o também secretário-geral deixe para trás a concorrência.

Ossufo Momade atrás do tempo perdido

Depois de um desaparecimento que nunca foi convincentemente esclarecido, o candidato da Renamo, Ossufo Momade, lançou sua campanha presidencial no primeiro dia de Setembro, tendo agora a missão de recuperar a semana de avanço que deu aos seus adversários.

Escolheu a cidade de Nampula para a sua estreia nesta campanha, tendo depois seguido para Ribáue e Malema, antes de seguir para a vizinha província do Niassa, escalando Cuamba, Mecanhelas, Mandinba, Ngauma, Lichinga, Sanga, Chimbomila e Majume e Marrupa.

De Niassa, o também presidente da perdiz seguiu para a martirizada província de Cabo Delgado, onde já passou por Balama, Namuno, Montepuez e cidade de Pemba. À semelhança de Chapo, Momade tem recebido “banhos de multidão” em seus comícios e passeatas, o que é revelador da força que a “perdiz” tem na região norte do País.

Para além do atraso, seu grande handicap continua a ser o aparente desencanto de uma parte do eleitorado com a Renamo, uma ferida aberta pela “guerra” que o partido travou com Venâncio Mondlane, culminando com a sua saída e posterior lançamento de uma candidatura independente.

A percepção de que a Renamo terá feito uma aliança não oficial com a Frelimo para, através da CNE e Conselho Constitucional (CC) afastar a Coligação Aliança Democrática (CAD) das legislativas agrava a situação, como o demonstra a hostilidade com que as delegações da Renamo são tratadas por parte da população, particularmente em Maputo e Matola.

Mondlane ameaça o status quo

Depois de lançar sua campanha eleitoral na Matola, Venâncio Mondlane, dissidente da Renamo e agora apoiado pelo Podemos, rumou à África do Sul para tentar conquistar o coração daquela que é a maior comunidade moçambicana no estrangeiro.

Regressou no dia 29 de Agosto, usando a fronteira de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, como porta de entrada, onde aproveitou para orientar um comício popular. Posto isto, seguiu para Zambézia, onde escalou Quelimane, Morrumbala, Namacurra, Maganja da Costa, Pebane, Milange, Mocuba, Mocubela, Alto Molocue e Gurue. Há poucos dias, avançou para Niassa, onde já trabalhou em Cuamba e Mecanhelas.

VM7 tem privilegiado passeatas e comícios, recorrendo quase sempre a um palco móvel – camienetas com equipamento sonoro -, o que lhe permite uma flexibilidade que, em certa medida, é capaz de disfarçar as limitações logísticas. Sua aceitação nas ruas poderá estar a surpreender a quem o rotulou como um simples fenómeno das redes sociais, ao mesmo tempo que mostra que pode causar danos aos partidos já estabelecidos no sistema democrático moçambicano, nomeadamente a a Frelimo, a Renamo e o MDM.

Lutero Simango: novo “galo” em busca de espaço

Há poucos anos, substitui seu irmão, o falecido Daviz Simango, com alguma naturalidade. Foi eleito com larga vantagem no Congresso do MDM, pelo que internamente, sua legitimidade nunca esteve em causa. Faltava perceber como seria recebido nas ruas nessa sua estreia como candidato.

Começou no “conforto de casa”, na cidade da Beira, capital de Sofala, que é sua terra natal e bastião do MDM, com um comício popular bem concorrido. Seguiu depois, ainda em Sofala, para Dondo, Nhamatanda, buzi, Machanga e Gorongoza, antes de passar para Zambézia.

Nesta província, que um dos mais importantes círculos eleitorais, o presidente e candidato do MDM trabalhou em Caia, Morrumbala, Quelimane, Namacurra, Mocuba, Ile e Gurue.  Actualmente, encontra- -se em Niassa, tendo já escalado Mecanhelas, Cuamba, Mandimba e Lichinga e Lago.

Sem base logística comparável a da Frelimo e Renamo, Simango privilegia muito o contacto interpessoal nos povoados e localidades, um factor que, em certa medida, o que o diferencia dos restantes candidatos. Um dos seus calcanhares de Aquiles continua a ser o limitado engajamento ao nível das redes sociais.

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