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CONSUMADA A VERGONHA: “Só a renúncia pode salvar a dignidade de Ossufo Momade”

Os resultados que estão a ser anunciados pelas autoridades competentes referentes às sétimas eleições gerais, de 09 de Outubro, dão vantagem a Daniel Chapo e ao seu partido, a Frelimo, seguido de Venâncio Mondlane e o partido que o suporta, o Podemos, envergonhando Ossufo Momade e a Renamo e, por último, desvalorizando Lutero Simango e o seu MDM. É ponto assente que a “perdiz” é a maior derrotada do escrutínio e Ossufo Momade é visto internamente como o “pai” deste descalabro.

Texto: Dossiers & Factos

Foi na senda dos resultados nada brilhantes para a Renamo que Dossiers & Factos buscou o sentimento de certos membros seniores desta formação política, que, sem pestanejar, manifestaram total desagrado com o momento que esta organização atravessa, atribuindo culpas ao seu presidente, Ossufo Momade, e a um certo grupo de membros que não aceitaram mudanças na liderança partidária.

Para esses membros, os resultados que estão a ser anunciados pelas Comissões Distritais de Eleições já eram esperados. Aliás, segundo eles, só haveria escândalo se os resultados fossem diferentes dos actuais, ou seja, se a Renamo tivesse vencido ou mantido os números obtidos nas eleições gerais de 2019.

Em jeito de desabafo, reconhecem ainda que a Renamo foi para estas eleições mais dividida do que antes e sem nenhum discurso convincente para o eleitorado, facto que contribuiu para a iminente “remoção” do posto de segunda maior formação política de Moçambique, tomando como critério a representatividade na Assembleia da República.

Na verdade, a liderança de Ossufo Momade sempre foi tida como fraca, tendo merecido contestação interna desde o primeiro momento. Para os membros que falaram ao Dossiers & Factos, o Congresso de Alto Molócue, província da Zambézia, provou isso mesmo. Nessa ocasião, lembre-se, seis figuras tentaram destronar Ossufo Momade, nomeadamente Ivone Soares, Elias Dhlakama, Alfredo Magumisse, André Magibire e Juliano Policarpo (o sexto foi Venâncio Mondlane, que entretanto, não teve permissão para participar do congresso).

Esta proliferação de candidaturas é vista pelas nossas fontes como sinal claro de que a liderança de Ossufo Momade não convencia. Por isso mesmo, as fontes descrevem como “erro estratégico” a sua recondução ao cargo de presidente da Renamo. Apesar dos bons resultados que obteve, ninguém assume que Venâncio Mondlane teria sido o nome ideal, mas acreditam os membros que, entre os nomes que foram às eleições, era possível ter encontrado alguém capaz de fazer melhor que o actual presidente.

“Ossufo Momade já devia ter renunciado”

Ainda na mesma senda, um outro membro do partido, naturalmente desapontado, disse que a melhor coisa que Ossufo Momade deve fazer é renunciar ao cargo, assumindo o fracasso e a desorganização que trouxe ao partido. Respondendo a uma pergunta de insistência, admitiu a hipótese de, a nível do partido, poder, nos próximos tempos, ocorrerem acções profundas visando à retirada de Ossufo Momade, caso este não renuncie de forma voluntária.

Esta fonte também assumiu total vergonha, sublinhando que muito terá que ser feito nos próximos tempos para que o partido volte a merecer a confiança do eleitorado, sendo que a primeira medida deve passar pela mudança do rosto da liderança, colocando quadros capazes de produzir ideias, discursos e iniciativas políticas que interessem aos moçambicanos.

O “coro” pela demissão de Ossufo Momade vai ficando cada vez mais audível, depois de, na semana finda, o mandatário da Renamo na cidade de Nampula, Ossufo Ulene, ter pedido não apenas a cabeça do presidente, como também a da delegada política provincial e candidata a governadora de Nampula, Abiba Aba.

“Para manter a Renamo a nível nacional, temos que convidar o nosso presidente, sua excelência General Ossufo Momade, para renunciar ao cargo de presidente do partido Renamo. A renúncia ao cargo de presidente não significa dizer ao presidente que não vale nada, pelo contrário, vale mais. Nós estamos a responder à auscultação do povo e à vontade do povo, para que a Renamo continue a ser aquilo que já foi”, pontuou.

Texto extraído na edição 583 do Jornal Dossiers & Factos

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