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 DA SILVA A NYUSI: Cresce clamor por nova arquitectura financeira global

Na 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), diversos líderes reforçaram a urgência de uma reforma na arquitectura financeira global. Entre os principais defensores dessa transformação estiveram João Lourenço, de Angola; Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau; Filipe Nyusi, de Moçambique; e Lula da Silva, do Brasil. A proposta central visa tornar o sistema financeiro internacional mais justo, inclusivo e equitativo, com maior representatividade dos países do Sul Global, especialmente de África.

Texto: Amad Canda

O Presidente angolano, João Lourenço, destacou a necessidade de uma arquitectura financeira que favoreça o combate à corrupção e a recuperação de activos desviados ilegalmente para outros países. No seu discurso, Lourenço sublinhou que apenas uma colaboração estreita entre os Estados permitirá uma luta eficaz contra o fluxo ilícito de capitais, que muitas vezes é dificultado pelas nações que controlam esses fundos.

Lourenço referiu-se à experiência de Angola, onde o Governo tem implementado medidas severas contra a corrupção, julgando e condenando cidadãos envolvidos em esquemas de desvio de fundos. Esses recursos, uma vez recuperados, têm sido direccionados para o desenvolvimento de infra-estruturas essenciais como escolas, hospitais e serviços de energia e água. Para o líder angolano, o fortalecimento das instituições e a promoção de uma nova arquitectura financeira são fundamentais para o desenvolvimento sustentável e para a melhoria das condições de vida das populações.

Além disso, o Presidente angolano lamentou as crescentes tensões internacionais, que ameaçam os princípios da ONU, e defendeu uma reforma urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de modo a reflectir a realidade contemporânea e dar maior voz ao Sul Global.

Sissoco Embaló destaca urgência na reforma financeira

Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, juntou-se ao coro de líderes africanos que apelam a uma reforma do sistema financeiro global. Embaló enfatizou que o actual sistema económico internacional não favorece o crescimento dos países em desenvolvimento e contribui para a manutenção de milhões de pessoas na extrema pobreza.

No seu discurso, o presidente guineense sublinhou a importância de uma governação económica e financeira global mais inclusiva e justa, que permita uma melhor distribuição dos recursos e oportunidades entre as nações. Ele reforçou que o sistema financeiro actual agrava as disparidades entre países ricos e pobres, tornando imperativa a revisão das suas estruturas.

Embaló também pediu uma maior representatividade de África nas instâncias de decisão internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, e defendeu o fortalecimento do papel do continente na economia global. No plano interno, o Presidente guineense partilhou os avanços que o seu país tem feito em termos de crescimento económico, destacando o papel positivo das reformas em curso e a avaliação favorável do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os esforços de desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Lula da Silva critica “arquitectura regressiva”

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, foi outro defensor de uma nova arquitectura financeira global, uma luta que, de resto, já vem desencadeando há largos anos. Ele criticou o carácter regressivo do sistema financeiro internacional, que impõe custos e dificuldades desproporcionais aos países em desenvolvimento, como altas taxas de juro que estrangulam os investimentos em infra- -estruturas, saúde e bem-estar social. Lula destacou que as nações do Sul Global, especialmente da África e América Latina, enfrentam juros muito superiores aos cobrados dos países ricos, o que limita o seu desenvolvimento.

Lula foi ainda mais longe ao propor a taxação dos super-ricos como uma solução para a desigualdade global. Ele afirmou que a ONU deve desempenhar um papel central neste debate e apelou para uma reforma das instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, que, na sua visão, são governadas por uma estrutura arcaica e excludente. O Presidente brasileiro defendeu que as juntas executivas dessas instituições deveriam ter uma composição mais representativa do cenário global actual, com maior participação dos países em desenvolvimento.

Filipe Nyusi quer impulso para uma nova fórmula

No seu discurso, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, também reiterou a necessidade de reformar a arquitetura financeira global como uma forma de combater a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável. Nyusi salientou que as actuais estruturas financeiras são insuficientes para responder aos desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento, como a pobreza extrema, a desigualdade e a falta de infra-estruturas.

Para Nyusi, a reforma do sistema financeiro global é um imperativo para que países como Moçambique possam ter acesso a mecanismos de financiamento mais adequados às suas necessidades de desenvolvimento. Ele destacou a importância de garantir que as receitas provenientes da exploração de recursos naturais, como o gás, sejam utilizadas de forma a beneficiar todos os cidadãos moçambicanos, promovendo um desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Em síntese, os discursos de João Lourenço, Sissoco Embaló, Filipe Nyusi e Lula da Silva convergiram na defesa de uma nova arquitectura financeira global que seja mais inclusiva, equitativa e que responda melhor às necessidades dos países em desenvolvimento.

Todos os líderes sublinharam a importância de reformar as instituições financeiras internacionais e de garantir que África e o Sul Global tenham maior representatividade nos fóruns de decisão global.

Além disso, foi unânime o reconhecimento de que o actual sistema financeiro perpetua a desigualdade entre nações e que é necessário criar mecanismos que permitam aos países em desenvolvimento superar os obstáculos ao crescimento económico e à redução da pobreza. Com uma visão centrada na justiça económica e na inclusão, estes líderes apelaram à comunidade internacional para que adopte acções concretas rumo a uma ordem financeira mais justa e equilibrada.

A proposta de uma nova arquitectura financeira não é apenas um desejo de reforma, mas uma exigência urgente para garantir que os recursos do mundo sejam distribuídos de forma mais equitativa e que os países em desenvolvimento tenham as ferramentas necessárias para alcançar o seu potencial de crescimento e desenvolvimento.

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