O porto da Beira, um dos maiores centros logísticos da zona centro do país, perdeu, de Janeiro a esta parte, mais de 500 mil toneladas de carga diversa a favor do Porto de Dar-Es-Salaam, na vizinha Tanzânia, devido ao excesso de burocracias aduaneiras, corrupção e outras práticas nefastas ao longo do Corredor da Beira.
Texto: António Cumbane
O presidente da Associação Comercial da Beira (ACB), Félix Machado, disse que a situação é deveras preocupante porque afecta negativamente o ambiente de negócios e a economia do País, por desacreditar Moçambique nas suas relações económicas com os países do hinterland que geralmente usam o Porto da Beira, na província de Sofala.
Machado, que falava num evento sobre logística e transporte em Moçambique, havido na cidade da Beira, referiu que os problemas que fazem os usuários do Porto da Beira preferirem o de Dar- -Es-Salaam são muitos, mas a corrupção, o excesso de burocracias e as deficientes vias de acesso, tanto rodoviárias quanto ferroviárias, são os principais.
“Neste ano, foram desviadas mais de 500 mil toneladas de carga para Dar-Es- -Salaam. Até o adubo para o Zimbabwe foi parar em Dar-Es-Salaam devido ao excesso de burocracias e corrupção no Corredor da Beira”, disse.
A fonte sublinhou que enquanto existirem empresas micro que interferem na área aduaneira ao longo do corredor, muitas vezes sem clareza no seu papel, a situação vai continuar a mesma, tal como o é para se ter acesso ao Porto da Beira.
“Há muitos optimistas que dizem que as nossas estatísticas melhoraram em dois por cento nos nossos corredores, mas eu digo que podiam melhorar em 20 por cento. Há que trabalhar para se evitar este cenário”, referiu.
O Porto da Beira é um dos mais importantes centros de operações logísticas ferroviárias do País. A Estrada Nacional Número Seis (N6) é a que mais fluidez de carga suporta diariamente para alimentar o porto.
A linha férrea Beira-Machipanda, que liga o País ao vizinho Zimbabwe, também é outra infra-estrutura crucial que alavanca a economia nacional, sendo que, devido à sua ineficiência, segundo o presidente da ACB, está a trazer prejuízos ao Porto da Beira.
Texto extraído na edição 119 do Jornal Dossier económico