A maioria dos estabelecimentos comerciais na província de Inhambane está encerrada há cerca de duas semanas devido à onda de acções violentas que se espalha por vários distritos. Os agentes económicos temem que as suas lojas sejam vandalizadas e saqueadas pelos supostos manifestantes, que justificam os protestos com o aumento do custo de vida.
Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
Os distritos de Govuro, Homoíne, Inharrime, Morrumbene, Massinga, Jangamo e Maxixe foram palco de actos de vandalismo, com lojas e infraestruturas públicas destruídas, saqueadas e incendiadas. Entre os alvos esteve também a sede distrital da FRELIMO em Maxixe, bem como o edifício da Águas da Região Sul, antigo FIPAG, além de vários estabelecimentos comerciais.
Em Govuro, alguns comerciantes desistiram do negócio e deixaram a província após venderem todos os produtos – incluindo os armazenados – aos preços exigidos pelos manifestantes. No entanto, após contabilizarem as perdas, muitos decidiram fechar as lojas, despedir funcionários e abandonar a região.
O comércio de bens essenciais passou a ser assegurado apenas pelos pequenos vendedores, cujas limitações logísticas dificultam o abastecimento das populações. A procura de produtos básicos supera largamente a oferta, o que agrava a incerteza entre os consumidores.
A situação em Homoíne também preocupa. Os comerciantes locais estão a vender os produtos ao preço imposto pelos manifestantes e planeiam fechar as portas nos próximos dias, o que poderá gerar escassez de bens essenciais, não só neste distrito, mas também em outras regiões afectadas.
Tensões entre comerciantes e manifestantes
Em Massinga, registaram-se confrontos entre comerciantes e manifestantes. Os lojistas bloquearam a Estrada Nacional Número 1 (EN1) com troncos e pneus incendiados, impedindo a circulação de viaturas em protesto contra os ataques aos seus estabelecimentos. Foi necessária a intervenção do governador da província de Inhambane, que se deslocou à região para dialogar com os comerciantes e tentar acalmar os ânimos.
Para além do encerramento de lojas, centenas de trabalhadores perderam os seus empregos, agravando a crise social. Muitos são chefes de família e dependem desses rendimentos para o sustento diário.
Os protestos afectaram também os automobilistas, que ficaram impedidos de circular durante horas devido aos bloqueios, causando perdas financeiras aos transportadores.
Enquanto a tensão domina grande parte da província, os distritos de Mabote, Vilankulo, Inhambane e Funhalouro mantêm a normalidade. Até ao momento, não foram registados actos de vandalismo nem perturbações à ordem pública, e o comércio decorre sem interrupções.