Passados oito meses de gestão sob o executivo liderado por Henriques Machava, presidente do Conselho Municipal de Chibuto, na província de Gaza, o jornal Dossiers & Factos entrevistou, em exclusivo, Francisco Muconze, vereador de Planeamento Urbano, Infra- -estruturas e Meio Ambiente. Nesta conversa, foram abordados os avanços, desafios e os principais projectos que impactam directamente o quotidiano dos munícipes, bem como as medidas para melhorar a qualidade de vida em Chibuto, uma cidade que, recentemente, celebrou o seu 53º aniversário de elevação a esta categoria.
Texto: Anastácio Chirrute
Francisco Muconze destacou a execução de vários projectos de infra-estruturas, alguns já concluídos e outros em fase de conclusão. Segundo o vereador, um dos maiores destaques é a requalificação do Jardim Parque Josina Machel, que está em fase de plantio de relva e flores, além da construção de passeios com pavês, o que está a revitalizar a imagem do centro urbano. “Temos várias acções de impacto público em curso, como o Jardim Parque Josina Machel, que agora está na fase de plantio da relva e das flores. Construímos passeios com pavês para embelezar ainda mais a cidade. Dentro de dias, plantaremos árvores ao longo dos passeios,” detalhou Muconze.
Outro projecto emblemático em execução é a reabilitação de um edifício histórico, remanescente do período colonial, onde funcionará a Assembleia Municipal. A decisão de destinar este edifício à Assembleia deve-se à necessidade de espaços mais amplos, visto que o número de representantes municipais aumenta a cada quinquénio. O antigo edifício da Assembleia será adaptado para funcionar como Casa da Cultura, ampliando a oferta de espaços culturais para a população.
Melhoramento das vias de acesso
Um dos desafios enfrentados pelo município de Chibuto é a melhoria das vias de acesso, especialmente após os danos provocados pelo ciclone Freddy, que deixou várias estradas intransitáveis. A edilidade tem investido na reabilitação de cerca de 15 km de vias com saibro misturado com calcário, o que visa garantir a circulação de veículos e a mobilidade de pessoas e bens. “Após o ciclone Freddy, a erosão tornou algumas estradas intransitáveis. Estamos a intervir, mesmo com dificuldades financeiras, para assegurar que a mobilidade de viaturas, pessoas e bens não seja comprometida”, explicou Muconze.
O vereador destacou ainda as dificuldades logísticas que encarecem os materiais de construção, como o pavês, devido à ausência de fábricas locais. Chibuto depende da cidade de Xai- -Xai para a aquisição do pavês, o que torna os custos mais elevados. Embora existam pequenos fabricantes locais, Muconze explicou que a qualidade do pavês produzido localmente não é adequada para o uso em estradas.
Abastecimento de água: um desafio constante
O fornecimento de água é um problema crónico em Chibuto, devido à fraca capacidade da linha de energia eléctrica, o que compromete a operação dos sistemas de distribuição. O sistema de abastecimento é gerido pela empresa Águas da Região Sul (AdRS), anteriormente conhecida como FIPAG, que enfrenta dificuldades devido à oscilação na capacidade energética da linha eléctrica. Esse problema é agravado pela presença de uma empresa mineradora, que opera com cinco linhas de produção e consome grande parte da energia disponível.
Muconze assegurou que todos os bairros têm acesso a água potável, mas de forma restrita, com abastecimento alternado: um dia sim, outro não. Para áreas sem rede de distribuição, a edilidade instalou bombas manuais e pequenos sistemas de água geridos por operadores privados. No entanto, a água proveniente de furos não é recomendada para consumo directo, pois pode conter substâncias prejudiciais à saúde, devido à proximidade com a área de exploração mineira.
“A água que usamos é captada a cerca de 9 km da cidade, directamente do rio Jative. Por vezes, apresenta coloração ligeiramente escura, especialmente quando não é tratada. Mas é essa a fonte segura, pois a água dos furos locais não é recomendada para consumo humano”, explicou o vereador. O município, em parceria com a EDM, está a trabalhar numa solução para melhorar a subestação que abastece a região, originária de Temane e que segue até Maputo. Com a melhoria da capacidade energética, será possível garantir o fornecimento de água 24 horas por dia.
Escassez de espaço para habitação
Chibuto enfrenta também o problema da escassez de espaços para habitação, agravado pela concessão de grandes áreas a empresas mineradoras, o que limita as possibilidades de expansão urbana. A edilidade está a concentrar os esforços de parcelamento em bairros como Samora Machel, 25 de Junho, Muamuse e Coxombane. Em coordenação com o governo distrital, áreas adicionais, como o bairro Mutchuquete, entre o posto administrativo de Malehice, estão a ser disponibilizadas para construção de habitações.
“Estamos a parcelar terrenos nas áreas disponíveis, mas a expansão é limitada pela concessão da área de exploração mineira a uma empresa. Isso obriga-nos a confinar os bairros em zonas específicas, o que pode comprometer a capacidade de expansão da cidade no futuro”, afirmou Muconze.
Impacto social e expectativas para o futuro
A administração de Henriques Machava espera não apenas melhorar as infra-estruturas urbanas, mas também proporcionar condições para o desenvolvimento social e económico da cidade. Com a reabilitação das vias, a ampliação do acesso a água e a criação de espaços públicos revitalizados, a edilidade acredita que Chibuto se tornará um local mais atractivo para os habitantes e visitantes.
Muconze realçou a importância de investimentos contínuos e parcerias para solucionar os desafios. “A nossa visão é transformar Chibuto numa cidade modelo em Gaza, uma cidade com infra-estruturas modernas e condições de vida adequadas. O nosso objectivo é que, até 2025, tenhamos um sistema de abastecimento de água regular e acessível, energia eléctrica estável e espaços públicos que atendam às necessidades da nossa população”, concluiu.
Por enquanto, a edilidade continua empenhada em superar os desafios, com foco no desenvolvimento urbano sustentável e na melhoria das condições de vida da população.
Texto extraído na edição 587 do Jornal Dossiers & Factos